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domingo, agosto 13, 2017

Você era o Tonto que não sabia que a Venezuela é uma ditadura?



por Flávio Morgenstern(*).




Ensine seus amigos que a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa e depois como meme: socialismo é, foi e será ditadura.

Até a Folha, que só serve de mau exemplo (seja à direita, à esquerda, aos isentos ou de cima pra baixo), resolveu admitir que a Venezuela é uma ditadura. Já o caudilho Nicolás Maduro, curiosamente, costuma ser chamado de presidente, e praticamente nunca é tratado pelo título de honra de ditador. A culpa do fenômeno, entretanto, é uma única, e não parece estar no horizonte de eventos da Folha admiti-lo: chama-se socialismo.

É muito fácil abstrair fenômenos políticos de suas causas factuais e se focar em uma de várias formas de se descrever um país. No caso da Venezuela, fala-se de “ditadura” como se, não mais do que de repente, por razões e vontades particulares de Nicolás Maduro, o sistema político do país tivesse se fechado e, ao invés de vontades privadas, tudo se concentrasse nas mãos do ditador, que apenas por mera coincidência planificou a economia.

É como se fosse uma das eternas ditaduras do Oriente, ou como se o regime, após uma “crise econômica”, tivesse simplesmente “endurecido”. Não por qualquer ideário que tenha sido aplicado, com continuidade, por Hugo Chávez e Nicolás Maduro – hoje tratados como se não tivessem nada a ver um com o outro. E o bolivarianismo, que até rebatizou o país, também chamado “socialismo do século XXI”? Nenhuma menção. Parece que é mero detalhe no genocídio ocorrendo em nosso vizinho. Quem sabe até mesmo um detalhe amenizador.

Trata-se da eterna reprise da espiral descendente do “pensamento” de adolescentes que se encantam com o socialismo, a eterna sociedade dos sonhos de quem ainda pensa em vocabulário de professor de História da 8.ª série (desigualdade! direitos dos trabalhadores! os estadunidenses imperialistas!) e não na vida real de quem carca o couro para produzir riqueza e tem como inimigos a burocracia, os impostos e os nóias querendo enriquecer arrancando seu trabalho de você, que são justamente protegidos por professores de História.

Jovens são, por natureza, completamente idiotas, e nesta fase impera a vontade de trocar a autoridade familiar por qualquer autoridade externa – aliada aos delírios típicos da puberdade, como acreditar que o mundo está muito errado porque ainda não temos nossa mansão e nosso helicóptero particular, então precisamos redesenhar toda a sociedade, ou melhor, todo o cosmo para que tenhamos dinheiro sem precisar nem fazer um estágio chato no McDonald’s antes, e onde seremos considerados geniais sem insuportáveis aulas de estatística e todos nos amarão e nos desejarão sexualmente mesmo que ao invés de puxar ferro e abdicar de prazeres da carne passemos das 15h da tarde até às 3h da manhã nos empaturrando de Cheetos e moscando enterrados no sofá.

A espiral do trauma com a transformação da Venezuela em ditadura socialista atravessa os cinco estágios do Modelo de Sofrimento de Kübler-Ross, a saber: a negação, a raiva, a negociação, a depressão e, finalmente, a aceitação. O paciente passa necessariamente pelos três primeiros estágios, correndo sério risco de chafurdar no quarto. A ciência busca acelerar o processo para que o luto seja superado e se atinja finalmente o quinto patamar.

No caso do socialismo venezuelano, a esquerda passou mais de uma década firme e resoluta na fase da negação: “Imagine, a Venezuela não é uma ditadura, é uma democracia plena, quem a critica são os estadunidenses que querem uma desculpa para invadi-la e tomar o seu petróleo!”, como se a América precisasse ter invadido e tomado para si algum mercado de petróleo no planeta para conseguir o produto (alguns crêem até que a guerra no Afeganistão, país montanhoso cuja principal economia é a agricultura de subsistência, foi por causa de… petróleo).





Na fase da negação, superada recentemente pela Folha de S. Paulo, tudo é lindo, tudo pode, tudo está bem melhor na Venezuela do que por estas bandas. Para o negacionista socialista, basta pensar por termos do professor de História da oitava série (aquele de papete e pochete): na Venezuela há mais “igualdade” (como se todos receberem R$ 100 por mês, ao invés de alguns terem R$ 20 mil e outros terem R$ 100 milhões, fosse uma vantagem), que há “direitos trabalhistas” (como o direito de um sindicato mandar na empresa onde você quer trabalhar, tornando aquela empresa tão atrativa quanto o emprego do professor de História), que há “reforma agrária” (ou seja, alimentos via racionamento, prateleiras vazias e uma cenoura custando o preço de uma pepita de ouro) e que tudo o que é descrito em termos abstratos funciona no bolivarianismo venezuelano.

Na fase de negação, não há nenhum problema na Venezuela, a não ser, é claro, essa maldita oposição e os imperialistas que têm horror a alguém enriquecendo (você não sabia que a CIA existe para sair matando gente que enriquece por aí no mundo?). O socialismo continua lindo, todas as liberdades são respeitadas, tudo é melhor na Venezuela, desde que você possa descrever usando palavras de militante político, ao invés de ir ver como um país transformado em favela tem menos desigualdade do que a Suíça.

Afinal, há tanta liberdade no socialismo-que-não-é-ditadura que, mesmo com o principal canal de TV sendo fechado à força pela tirania de Hugo Chávez, grita-se que “há liberdade de imprensa na Venezuela” (prova: eu estou gritando; e bem alto! mas no Brasil).

Ninguém nunca viu um único site venezuelano de dissidência, a possibilidade de um jornal do país bolivariano sobreviver criticando o regime no país de economia controlada – e prova maior não pode haver de que tudo na Venezuela é lindo e maravilhoso, já que ninguém reclama. Se o socialista na fase de negação enfiou a cabeça num buraco e não viu, é porque não existe.

Podemos chamar a fase de negação de fase “Sou do Levante, tô com Maduro”.




Após a negação, vem a raiva, estágio no qual vários dos mais conhecidos e aguerridos socialistas-que-não-ousam-dizer-que-são-socialistas se encontram no Brasil e no mundo. A raiva pós-tragédia não precisa ter um objeto específico: o paciente está com raiva da situação, culpando Deus, os astros, o destino (a única força cósmica do Universo com senso de humor), o imperialismo, o preço do petróleo, a oposição, o Temer, os hackers russos, a crise internacional e o trágico fato de dinheiro não nascer em árvore (nem mesmo num país flutuando sobre petróleo) para sua miserável situação.

O paciente, é claro, nunca culpa sua própria escolha panaca de acreditar em retórica comunista, ao invés de desconfiar de qualquer autoridade que prometa um mundo melhor bem longe da sua realidade e estudar coisas mais difíceis do que sociologia e teoria política (estudar a taxa de preferência temporalde outputs e inputs e o cálculo econômico sob o socialismo que mostram como socialismo, grande novidade, sempre causa miséria, por exemplo).

A raiva sem objeto pós-tragédia se dá quando o paciente sente a falta de um grande ente querido tomado de si. Não é possível alguém ter acreditado na “democracia” e no bom-mocismo de Chávez e Maduro sem ter sido um fanático desesperado pronto a matar e morrer e desculpar qualquer assassinato cometido por seus caudilhos preferidos (qualquer posição intermediária, colocada inclusive por esquerdistas notórios como Carlos Fuentes, era de repúdio absoluto por “este palhaço do Chávez” e o bolivarianismo). Como tratou Maduro e Chávez e o socialismo como sua razão de ser, descobrir que o socialismo, pela trilionésima vez na história, gerou miséria, totalitarismo, perseguição, genocídio, fome, doenças e morte (uma espécie de versão anfetaminada dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse) é o mesmo que perder os melhores amigos e a própria família. A raiva é geral.

O estágio da raiva é o momento em que o esquerdista passa a ignorar a miséria que o bolivarianismo que ele defende tanto causou, e apenas ataca a esmo qualquer um que se oponha ao seu ideário desfrangalhado.

É na raiva em que o paciente infectado com socialismo na adolescência, espécie de gonorréia do século XXI (inclusive se pega nos mesmos ambientes), ignora o que defende e apenas ataca qualquer um que aponte suas falhas, mesmo que não tenha nada a ver com nada. “Vá estudar História! São os estadunidenses que querem petróleo! A oposição venezuelana é golpista e não deixa Maduro governar! Maduro foi eleito! É o preço do petróleo! Ao menos o povo venezuelano é consultado! Você só lê sites de extrema-direita e precisa se informar melhor!” 

A etapa da raiva também é chamada, na ciência psiquiátrica, de Fase do Mimimi Histérico e Constantes Ataques de Pelanca. É a fase em que o paciente se torna mais pedante, chato, inconvivível e, via de regra, mais burro até mesmo do que na fase da negação.






Após a fase dos faniquitos afrescalhados, segue-se o estágio da negociação. Alguns esquerdistas chegaram a tal fase, como a Folha: trata-se de um toma-lá, dá-cá, modelo “ok, a Venezuela virou uma ditadura, mas não a chamaremos de socialista, nem diremos que bolivarianismo é sempre ditadura”, ou outros modelos que tentam sair por cima mesmo chafurdando em sangue de inocentes nas ruas. Afinal, o problema foi que Maduro acordou meio mal humorado, não que implantou o socialismo no país, que se tornou a segunda economia mais fechada do planeta.

A negociação aqui é integralmente amoral: a idéia é ainda mostrar que o socialismo bolivariano era sim uma opção válida, que não houve nada de errado em defendê-lo até o 161.º assassinado em protestos pacíficos (já 162 mortes é uma intolerância inefável), que ser de esquerda continua sendo melhor do que ser dessas pessoas que, veja você, defendem o ca-pi-ta-lis-mo tão descaradamente, e na Venezuela ao menos se tentou criar algo melhor do que este sistema horrendo da Suíça, da Austrália, do Canadá, da Áustria, da América e da Inglaterra, estes países tão miseráveis de onde todo mundo quer fugir em desespero, com as vestes do corpo e muita fome no estômago.

É também a fase de recaídas, em que, nas entrelinhas e muitas vezes descaradamente, o paciente com a doença venérea do socialismo mais quer voltar à fase anterior, sobretudo quando vê que sua argumentação encontrou algum brio público. E vale tudo, até ignorar as mortes – o socialismo abstrato, aquele da “igualdade” e do governo “dando” tudo, ainda ao menos era um norte moral melhor do que, digamos, cada um viver a sua vida, fazer trocas econômicas voluntárias e todo mundo voltar pra casa de BMW no fim do processo.






O risco recai na quarta fase: aqui o paciente com socialismo profundo pode cair na letargia catatônica da depressão. Não se trata necessariamente de estar em posição fetal chorando – posição na qual a maioria dos esquerdistas seria mais produtivo e inofensivo do que o é com as patas no chão – mas sim de um sentimento completo de desânimo ao lembrar do passado de defesa de ditaduras.

É quando o esquerdista começa a fazer textões, artigos, colóquios e até livros com temas como “A crise da esquerda e a busca de novos paradigmas anti-imperialistas” e outros nomes chiques para “Fizemos merda de novo, alguém nos interne porque PQP, viu”. É a fase em que é preciso mudar de assunto desesperadamente (já fizeram com Stalin e Mao, e isso já nas décadas de 70 e 80) para não admitir que anteontem estavam defendendo gente que faz Hitler parecer um principiante.

É quando o infectado, o socialista de butique, parte para a mais velha tática dos defensores de coisas que passam a pegar mal com a galera: trocar os termos. Maduro deturpou Marx, eu não sabia de nada, Maduro é na verdade de extrema-direita, ser de esquerda não tem nada a ver com isso, olha, por que falar da Venezuela com tanto país precisando da nossa ajuda, há muitos interesses por trás de tudo, mas e o Cunha etc. Já faz tempo que, dos defensores do socialismo, mal o PCdoB admite o termo, preferindo diluir em palavras que encantem melhor os trouxas (“direitos”, “igualdade”, “democracia”, “povo” e por aí vai).



Se o paciente do luto normal o faz por não agüentar mais a perda, o socialista o faz porque já não pega bem com a turminha bancar o revolucionário da patota. É tão somente uma questão de opinião pública, de galgar o estrelato no microcosmo, de defender com coragem inumana o que estava todo mundo defendendo até o vídeo viral de WhatsApp da semana passada. De repente, até discutir a série C do campeonato Amapaense ou algum filme B perdido da década de 50 com uma atuação ma-ra-vi-lho-sa vira um programação mais atraente do que falar do que você passou os últimos 15 anos defendendo e precisa da sua defesa mais do que nunca neste momento crucial.

Por fim, alguns raros sobreviventes conseguem se elevar ao último patamar da aceitação, quando o ex-pubertário socialista passa finalmente a aceitar a realidade, levanta a cabeça, arruma um emprego, descobre como a vida é mais complexa do que um discursinho de oitava série (como se você tivesse aprendido alguma coisa que presta na oitava série) e admite o que só adultos admitem: que passaram anos a fio falando bosta.

É a fase em que o esquerdista admite que, afinal, socialismo sempre seguiu o mesmo roteiro de Vale A Pena Ver De Novo, que esse papo de “imperialismo” e “estadunidenses” não consegue explicar por que caceta o embargo cubano seria o culpado pela miséria na ilha particular da família Castro (quer algo mais anti-imperialista no mundo?) e que, dãã, só é possível haver igualdade econômica com uma extrema desigualdade de poder político, como já o afirmara Joseph Sobran.

É o patamar libertador em que admitimos que aquele professor de História tinha como grande autoridade dizer que nossos pais eram caretas (eram mesmo, mas e ele, que usava papete e pochete?!), que acreditamos em tudo quanto é jornalista (até parece que lemos Marx) só porque era mais fácil do que ler um livro com conceitos difíceis como “derivativos” ou entender que a taxa de juros é a soma acumulada de todas as taxas de preferência temporal individuais acumuladas (sério, passamos décadas de vida criticando taxa de juros sem saber o que raios é isso) e outras barbeiragens.

Na verdade, tal patamar seria facílimo de ser alcançado, não fosse um único detalhe: nós perdemos amigos ao atingi-lo. Temos de nos livrar das amizades da escola, temos de virar a casaca contra aqueles que pareciam os mais descolados por serem os “preocupados com o social”. Eles são o único motivo para tanta gente continuar sendo de esquerda depois da adolescência – porque nada no mundo aponta a esquerda como mais certa em assunto nenhum. É a peer pressure política: estar acompanhado e errado, ou certo e sozinho?

A aceitação de que socialismo é totalitarismo é óbvia: não adianta pregar ditadura do proletariado e depois reclamar que o negócio virou ditadura. Era o que você pregava, tonto. Basta agora seguir o caminho de Eric Voegelin, Thomas Sowell, David Horowitz, Leszek Kołakowski, Edmund Wilson, Yuri Bezmenov, Peter Hitchens, Ion Mihai Pacepa, Irving Kristol, Whittaker Chambers e tantos outros: admitir que esteve enganado.

Não dói, bem ao contrário: é se livrar de dores quase sem custo. Se você conhece algum amigo ainda infectado pela variação adolescente do esquerdismo, o socialismo, convide-o a ler e estenda a mão para ele em direção à cura. O medo da falta de amigos é basicamente a única razão para ele ainda não ter atingido o estágio da aceitação da miséria socialista.


(*)Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen

Fonte: sensoincomum.org






domingo, agosto 06, 2017

O plano do PT sempre foi ser a versão “limpinha” da ditadura venezueluana








por Flávio Morgenstern(*),




Por que a surpresa com o apoio do PT à ditadura de Maduro? Surpresa seria o PT defender o capitalismo, restrições no governo, a liberdade.

Um fato chocante sacudiu as redes nesta semana: veículos de mídia noticiaram surpresos que o PT, o PSOL, o PCdoB emitiram notas de apoio ao governo Maduro, o ditador que instaurou um totalitarismo socialista de molde bolivariano na Venezuela. O chocante foram os esgares de surpresa fingida dos jornais, e não o apoio do PT e demais partidos socialistas justamente ao governo de esquerda non plus ultra no continente.

Qualquer um que se aventure a conhecer minimamente a história do PT sabe que este foi sempre o objetivo do partido. E não um objetivo escondido, secreto, disfarçado, só discernível ao estudioso após décadas escamoteando enfadonhos documentos técnicos, sob camadas de teorias da conspiração.

Pelo contrário: em toda a história do partido, por anos seguidos, desabridamente, sem nenhum disfarce, o PT não apenas apoiou o socialismo bolivariano na Venezuela de Chávez e Maduro, como mesmo o totalitarismo com mais de 70 mil mortes de Fidel Castro, há quase 60 anos no cargo sem nenhuma eleição, e com o poder sendo passado para o irmão de Fidel, Raúl. A família Castro, hoje, tem a segunda maior propriedade privada do mundo, depois da família Kim, tratando o povo como escravos.

Para os jornalistas, é como se de repente descobrissem que o PT tinha um amigo que, não mais do que de repente, sem nunca ter dado sinais estranhos de comportamento, começasse a aparecer em casa bêbado, batendo na mulher e nos filhos. E o PT, mal informado e crendo em boas intenções e no valor da longa e antiga amizade antes de tudo, continuasse a tratá-lo como amigo.

O PT inteiro é formado por intelectuais socialistas da USP, por ex-guerrilheiros que pegaram em armas para implantar o socialismo no Brasil (como José Dirceu e Dilma Rousseff, que fala que “lutou pela democracia”), por sindicalistas maoístas, trotskystas e stalinistas, que se oponham ao trabalhismo do PDT do ditador Getúlio Vargas e viam com ceticismo o comunismo revolucionário do PCB/PCdoB.

Não é um segredo de Estado, nenhuma biografia que afirmasse tal coisa sobre qualquer petista poderia ser vendida com letras garrafais vociferando: “REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS!!!”. É simplesmente o que é o PT e o que são os petistas, e todos sabem disso. Apenas parece haver uma amnésia seletiva na imprensa quando se fala da ligação do PT com socialismo, já que brincar de ditadura do proletariado no século XXI soa um pouquinho atrasado e às vezes até um pouquinho ditatorial. E assassino.

Basta lembrar de Lula debatendo com Collor em 1989, dois meses após a queda do Muro de Berlim, defendendo a implantação de um suposto “socialismo democrático”. É como se todo o programa do PT, radical a ponto de pretender nos transformar em um satélite da miséria ditatorial de Cuba, tivesse sido “esquecido” pela intelligentsia brasileira: se a maioria não está falando do que aconteceu, é melhor fingir que não aconteceu, para não ser pechado de “extremista”.


(*)Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen

domingo, novembro 30, 2014

Maniqueísmo Instrumental.









por Paulo Rosenbaum




Já que o País está dividido ao meio, podemos enfim contar melhor as peças do tabuleiro.

Chefões e subordinados do regime não parecem mais temer as circunstâncias que criaram, nem os 51 milhões que não os avalizaram. A única pergunta significativa é por que? Conseguiram a cola perfeita, aquela que gruda em quem se opõe ao projeto de hegemonia. Nos adesivos, nomenclaturas desqualificadoras de ocasião. A pergunta é, como pode uma oposição que opera com tal frieza lidar com um trator cujo motor já deu sinais que está prestes a fundir?

Refrescando a memória coletiva, a oposição pouco se mexeu quando os primeiros indícios de que uma megaoperação de perpetuação no poder estava em curso. Pouco fez quando as evidências apontavam para o núcleo duro do partido. É verdade, torceu pelo magistrado-solo enquanto tentava superar as ameaças que corriam por fora. Quando ele mesmo dimensionou seu isolamento e jogou a toalha, quase nenhuma voz de desagravo.

A oposição apresenta-se hesitante e pouco convincente aos olhos da opinião pública, que espera bem mais do que “convocação de nova CPI em fevereiro”. A sociedade sente-se orfã diante dos fatos correndo na frente das barreiras. Urgência detectável para bem além das “redes sociais” — como algumas mídias preferem se referir aos rumores para circunscrever uma indignação muito mais ampla. Bem mais difusa do que mensagens rancorosas e preconceituosas entre usuários da internet. A sensação é de que os dinossauros estão esticados tomando sol sobre as pedras, em atitude expectante, diante de um regime agônico. Mas, novamente, podem estar enganados quando não consideram que o extravio leva à truculência, como aconteceu em toda República partisã. Nas circunstâncias que temos testemunhado, não há nada de paranoico evocar as circunstâncias que levaram jovens democracias à bancarrota.

O mais recente ícone do fracasso da democracia é o exemplo venezuelano. A oposição, por medo e intimidada pelo populismo chavista encistou-se numa trincheira distante, fria, com boicote, salto alto e esperança de que o desgaste natural desse conta do tirano. Pois, não ocorreu. Pelo contrário. O resultado de fato foi um avanço sem precedentes do que se convencionou chamar de bolivarismo. Palavra que traduz medidas autocráticas e invenções sob medida para justificar o totalitarismo. A “democracia direta”, por exemplo, é a evidente fissura entre a representação política e os votantes. Implementada, a sociedade se viu diante do desmanche dos três poderes. Extinta a auto regulação, os habitantes daquele país passaram a contar exclusivamente com agentes e líderes do executivo. Não é fortuito que a ONU tenha acabado de condenar Caracas por graves desrespeito aos direitos humanos, de prisões ilegais às torturas. A diplomacia brasileira perfilou-se aos países que tratam direitos humanos com mudez seletiva.

É particularmente espantoso que comentaristas e catedráticos nacionais – subsidiados ou não pelo erário — apontem para uma “nova direita” e uma “extrema direita ideológica” sem, ao mesmo tempo, apontar para o contexto real do parto destas forças. Seria por lealdade nostálgica por aquilo que já foi concebido como os valores progressistas? Faz tempo que o populismo autoritário vem ajudando a deslocar o centro para os extremos. Forças democráticas, da direita à esquerda em desacordo com o onipotência, foram empacotadas, comprimidas e reduzidas à “reação”, agora com insinuações de golpismo. O petismo, sacrificando o fiapo de coerência com seu comportamento e alianças, estas sim, à direita daqueles que são acusados de conservadores, instruiu uma aposta. E ela esta exatamente neste contingente de indignados sem filiação clara, manipulados para insuflar teses conspiratórias. Isso ajuda a propagar com mais facilidade seu maniqueísmo instrumental.

Recobram a desinibição para prosseguir no planejamento oportunista de reformas macro institucionais, à revelia da opinião pública. Não foi só ter levado o pleito na base da calúnia e difamação dos adversários. Não foram só acordos secretos com a ditadura cubana. Não são só os decretos arrivistas. Não é só a imposição de conselhos populares controlados pelo partido. Não é só a luta para extinção do Senado. Não são só financiamentos públicos de campanhas de candidatos dos países vizinhos. Não é só a complacência com governantes totalitários. E não se limita a grudar em um partido tampão como o PMDB, para ganhar aparência mais amigável perante a “nova classe média” que, em segredo chamam de “desprezível baixa burguesia”. Mas, principalmente, a autoconfiança político-jurídica que foram angariando para sustentar todas estas operações. Na clandestinidade atuam com uma única finalidade, já escancarada, de aglutinar-se como poder único.

Trata-se portanto de um regime que finge que não governa, para enfim trabalhar em sua especialidade, a oposição. Isso é muito sugestivo. Sugestivo de que estamos diante de um governo que já age num registro sub oficial. À sombra da legitimidade constitucional. Não porque quer, mas porque atingiu uma espécie de zênite transgressor, e sob o excesso de denúncias, acobertou uma verdade muito mais comprometedora que os alardes dos maus feitos que agora vazam por todos os lados. Por todos os lados, menos para o corredor central do Planalto. E enquanto se convencem de que a impunidade é o prêmio laudatório à grandiosidade de sua causa, o país encolhe, e nós junto.

quarta-feira, julho 02, 2014

Em um ano de socialismo, mais 737.000 venezuelanos caem na pobreza extrema.











Em um ano de socialismo, mais 737.000 venezuelanos caem na pobreza extrema.

por Luis Dufaur



No primeiro ano do “socialismo do século XXI” sob o continuador de Hugo Chávez, mais 737.000 venezuelanos caíram na pobreza extrema, informou o jornal “El País” de Madri.

A inflação anual atingiu 56,2%, e o “índice de desabastecimento” (calculado sobre o total de produtos vendidos no país) 25,3%.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o índice de pobreza extrema passou de 7,1% no segundo semestre de 2012 para 9,8% ao mesmo período em 2013.

Quer dizer, mais 737.364 venezuelanos. No total, 2.791.292 cidadãos estão nessa situação deplorável, num país que supera os 30 milhões de habitantes e que em virtude de suas imensas jazidas petrolíferas ostentava uma riqueza invejável. Em outros termos, mais 189.086 famílias ficaram sem recursos para pagar sua alimentação básica.

O “socialismo do século XXI”, que tem tantos admiradores e imitadores no Brasil, orgulhava-se de ter diminuído esses indicadores na última década apelando a planos de redistribuição da riqueza e grandes gastos públicos.

Resultados efêmeros foram obtidos, para alegria dos estatísticos do governo. Mas o artifício não podia durar muitos anos.

Agora, como muitos previam – e por isso eram tidos como profetas de desgraça – a catástrofe aconteceu.

A inflação está sem controle (só 73,8% nos alimentos!!) e a moeda estrangeira não é encontrada em forma legal, mas só a preços astronômicos.

As exportações quase desapareceram. Só fica o petróleo, 96% de cujos proventos vão para o governo, que diz não conseguir pagar suas dívidas mais básicas.


A atividade econômica privada ficou reduzida ao mínimo pela estatização de largos setores e o afogamento cambial, tributário e regulamentar imposto pelo governo “popular”.

A produção petrolífera caiu e a Venezuela despencou no ranking mundial de produtores e exportadores.

O socialismo vende petróleo a países amigos como Cuba, com grandes perdas para financiar a revolução. Ainda paga à China por empréstimos já embolsados.

Relatório publicado pelo jornal El Universal, de Caracas, aponta que o governo aprovou uma transferência de moeda a empresas e particulares do setor produtivo no valor de 20 bilhões dólares através da Cadivi (uma desaparecida agência do governo), mas que o dinheiro nunca chegou aos destinatários.

As estimativas falam que o erário público teria sido depenado pela clique socialista num total equivalente a “95% das reservas internacionais”.

O governo cria continuamente ‘bolsas’ ou ‘programas sociais’ denominados Missões, porém nem estes dão o que prometem.

Os serviços básicos estão diminuindo, faltam alimentos nas prateleiras dos supermercados de Missões, ou ficam inacessíveis no “mercado negro” em que figuras do governo se locupletam.

A Assembleia Nacional (Legislativo), ministros de diversas áreas e até o presidente Maduro são interpelados regularmente, mas fazem caso omisso.

Como explicação, o governo fala de uma fantasmagórica conspiração e uma guerra econômica obviamente desatada pelo “império” – leia-se EUA, o capitalismo, o imperialismo, os ianques, os oligarcas, etc., etc.

Dir-se-ia que um bando de esquizofrênicos apossou-se da Venezuela e a leva para a ruína. Mas não é o caso.

Trata-se de um grupo ideológico teledirigido desde Cuba e afim com a Teologia da Libertação, que quer imergir na miséria e no desespero – que fazem pensar na desgraça eterna do inferno – um continente como a América Latina tão largamente dotado de recursos naturais pela Providência Divina.


Fonte: IPCO

sábado, maio 31, 2014

Todo poder aos sovietes petistas.






por Alexandre Borges para o Mídia Sem Máscara.




Esse país de vocês ganhou um decreto realmente peculiar semana passada, o de nº 8243. Ele institui a “Política Nacional de Participação Social – PNPS” que tem como objetivo “consolidar a participação social como método de governo”.

A linguagem sinuosa e dissimulada do decreto é proposital, mas vamos traduzir: se você é um militante ou é um membro do Agitprop petista aboletado em algum agrupamento apelidado de “movimento social”, você passará a ter, oficialmente, poder político acima do cidadão comum e poderá influenciar diretamente, sem intermediários, (leia-se Congresso Nacional, por exemplo) a gestão do país.

A idéia é antiga e remonta ao paleolítico do comunismo. Desde a Primeira Internacional e da Comuna de Paris, em meados do séc. XIX, os comunistas desdenham do sistema republicano, com representantes eleitos, a tal democracia burguesa. As idéias de separação de poder de Montesquieu e da democracia representativa sempre foram consideradas empecilhos para a “democracia direta” ou plebiscitária, uma excrescência jacobina que sempre termina em barbárie.

A Atenas do séc. IV a.C. tentou uma forma de democracia direta, em que os julgamentos eram realizados por 500 “juízes” sorteados entre os seis mil cidadãos com plenos direitos políticos, que decidiam por maioria simples os casos do dia-a-dia. O resultado era uma cidade em que todos acusavam todos pelos motivos mais banais, com julgamentos realizados de maneira açodada e emocional, com vereditos diretamente influenciados mais pela eloquencia do orador do que pelo mérito da questão. A experiência ateniense e seus resultados desastrosos já deveriam ser suficientes para enterrar de vez a idéia jacobina de governar por plebiscitos. Mesmo o atual regime suíço, que muitos consideram um tipo de democracia direta, é uma experiência totalmente distinta e com diversas salvaguardas para que leis não sejam aprovadas no calor das emoções (e estamos falando de suíços, não necessariamente o povo mais emotivo do mundo).

A experiência mais emblemática desse tipo de grupamento não-eleito com poderes políticos são os “sovietes” ou conselhos operários, que ajudaram a criar as condições para a revolução russa em 1917. Instituídos em 1905 e festejados por Lênin como “expressão da criação do povo”, os sovietes chegaram a criar uma corrente do comunismo chamada “conselhismo”, uma oposição ao comunismo de estado, que acreditava serem os conselhos operários formas superiores de participação popular na política.

Com a revolução de 1917, os bolcheviques lançaram o lema “Todo poder aos Sovietes” e até a dissolução da URSS os sovietes eram considerados pilares essenciais do regime comunista.

Não se enganem, esse pessoal sabe o que está fazendo. Mais um mandato presidencial para o PT e esse país estará irreconhecível em 2018, podem anotar.


sábado, março 08, 2014

Quando o Terrorismo está no DNA.



Quando o Terrorismo está no DNA.





Dilma manda votar contra o envio de missão da OEA à Venezuela e respalda, de novo, as ações de um governo assassino, que prende opositores e censura a imprensa.

por Reinaldo Azevedo


Jamais apostem errado achando que há um piso para a indignidade da política externa brasileira e para a indigência moral e intelectual na qual mergulhou — ou foi mergulhado — o Itamaraty. Não há. “Eles” sempre podem descer mais baixo; “eles” sempre podem ser mais abjetos. Nesta sexta, o Brasil VOTOU CONTRA o envio de observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos) para a Venezuela e se opôs a uma reunião de chanceleres para debater os confrontos naquele país. O pretexto é tão meritório como falso: o Itamaraty se justifica afirmando que a intervenção da OEA poderia agravar os conflitos por causa da presença dos EUA. É uma desculpa de vigaristas.

O governo Dilma resolveu dar apoio a uma reunião na Unasul (União das Nações Sul-Americanas), mas só depois da posse da presidente eleita do Chile, Michele Bachelet, na terça. Ah, bom: vamos contar os esquerdistas ou loucos influentes da América do Sul: Cristina Kirchner (Argentina), José Mujica (Uruguai), Dilma Rousseff (Brasil), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Bachelet (Chile), Ollanta Humala (Peru) e o próprio Nicolás Maduro (Venezuela). Adivinhem o que vai acontecer. O subcontinente está mais para um hospício. Ainda assim, atenção! A reunião será entre chanceleres. O Brasil se opôs ao envolvimento de presidentes na questão.

De todo modo, a barra está começando a pesar para Dilma, e os plantadores de versões do Palácio do Planalto espalham na imprensa a versão falaciosa de que o Brasil não vai aceitar nem um eventual rompimento da ordem vigente na Venezuela nem a violência de estado contra os manifestantes. Como assim? Já não há truculência o bastante? Os 21 mortos até agora não entram na contabilidade de Dilma Rousseff?

Não é por acaso que esta senhora figura no vídeo que os manifestantes espalham mundo afora como cúmplice de assassinatos e tortura. É precisamente nisso que se transformou o governo brasileiro. Leio no Estadão que os sábios de Dilma avaliam que a situação se acalmou e que o risco de uma crise institucional diminuiu.

Entenderam? Nicolás Maduro mete adversários na cadeia, convoca milícias armadas a sair às ruas para enfrentar a população na porrada, governa o país como um déspota, mas, em Brasília, considera-se que as coisas estão melhorando. Essa deve ser a impressão que Marco Aurélio Top Top Garcia passou à presidente.

Nota da OEA
Sem o envio de observadores ou uma reunião de chanceleres, a OEA conseguiu, no máximo, aprovar uma nota mixuruca, que segue abaixo — está em espanhol, mas não precisa de tradução. Volto depois:


En relación con los hechos recientemente acaecidos en la República Bolivariana de Venezuela, el Consejo Permanente declara:

Sus condolencias y solidaridad con las víctimas y sus familiares, con el pueblo y el gobierno de la República Bolivariana de Venezuela, y hace votos para que las investigaciones tengan una rápida y justa conclusión.

Su respeto al principio de no intervención en los asuntos internos de los Estados y su compromiso con la defensa de la institucionalidad democrática y del estado de derecho de acuerdo con la Carta de la OEA y el derecho internacional.

Su más enérgico rechazo a toda forma de violencia e intolerancia, y hace un llamado a todos los sectores a la paz, a la tranquilidad y al respeto a los derechos humanos y libertades fundamentales, incluyendo los derechos a la libertad de expresión y reunión pacífica, circulación, salud y educación.

El reconocimiento, pleno respaldo y aliento a las iniciativas y los esfuerzos del Gobierno democráticamente electo de Venezuela y de todos los sectores políticos, económicos y sociales para que continúen avanzando en el proceso de diálogo nacional, hacia la reconciliación política y social, en el marco del pleno respeto a las garantías constitucionales de todos y por parte de todos los actores democráticos.

Su interés de mantenerse informado sobre la situación y el diálogo instaurado en Venezuela.


Ainda que a nota defenda o respeito aos direitos humanos e aos direitos fundamentais, é evidente que ela não espelha nem remotamente o que está em curso no país.

Estados Unidos, Canadá e Panamá votaram contra a resolução justamente porque sustentam que ela ignora o que está em curso na Venezuela. Suas restrições também foram tornadas públicas. Leiam. Volto para encerrar.


1: La República de Panamá presenta sus reservas a la presente declaración.

I – No está de acuerdo con la inclusión de la palabra solidaridad en el título de la Declaración ya que de lo que se trata es de brindar respaldo al diálogo, la paz y la democracia.

II – Así mismo, considera que el respaldo y aliento a las iniciativas y esfuerzos del gobierno democráticamente electo de Venezuela puede interpretarse como una parcialización hacia el Gobierno, frente al resto de los actores sociales. La referencia a que continúen avanzando en el proceso de diálogo nacional se podría entender como que solo apoyamos el diálogo actual.

III – Con referencia al último párrafo, la República de Panamá considera que la OEA debe tener una actitud más dinámica y darle seguimiento, a la situación y al diálogo nacional en Venezuela y no solamente declare su interés en mantenerse informado sobre el diálogo ya instaurado.

2. Estados Unidos apoya el llamado a una resolución pacífica de la situación en Venezuela con base en un diálogo auténticamente inclusivo. Sin embargo, Estados Unidos no puede respaldar esta declaración dado que no refleja adecuadamente el compromiso de la Organización de promover la democracia y los derechos humanos en el Hemisferio. Además, la declaración coloca a la OEA en una posición de parcialismo, lo cual no puede hacer.

Específicamente, el párrafo 2 sugiere, incorrectamente, que la supuesta necesidad de mantener el orden y el respeto por el principio de la no intervención tiene prioridad sobre los compromisos de todos los Estados Miembros de la OEA de promover y proteger los derechos humanos y la democracia. La declaración contradice el artículo 2 de la Carta de la Organización de los Estados Americanos y los principios consagrados en la Carta Democrática Interamericana.

Si bien el párrafo 4 hace referencia al diálogo, este carece de un elemento clave para solucionar los problemas de Venezuela. Para tener éxito, el diálogo debe ser genuino e incluir a todas las partes. La declaración apoya parcialmente un diálogo patrocinado por el gobierno, que ha sido rechazado por importantes sectores de la oposición.

Estados Unidos cree que el diálogo genuino requerirá la participación de un tercero que goce de la confianza de todas las partes. También exigirá el fin de todo intento de reprimir la libertad de expresión y la liberación de los presos políticos. Desafortunadamente, la declaración no promueve suficientemente estos objetivos. La OEA no puede sancionar un diálogo en el cual gran parte de la oposición no tiene voz ni fe. Solamente los venezolanos pueden encontrar soluciones a los problemas de Venezuela, pero la situación actual del país exige que un tercero de confianza facilite el debate mientras los venezolanos buscan estas soluciones.

Por último y fundamentalmente, Estados Unidos no puede concurrir con el llamado de la declaración a un “pleno respaldo de la OEA” a un proceso de diálogo orquestado por un solo actor. La OEA tiene la responsabilidad de permanecer neutral; no puede tomar partido.



Faço minhas todas as restrições à nota. Quanto ao governo brasileiro, dizer o quê? Quem tem povo descontente dentro de casa tem medo. A esta altura, outros monumentos morais, como Cristina Kirchner, Evo Morales ou Rafael Correa, olham apavorados para a Venezuela. Vai que…
Segue, mais uma vez, o vídeo que corre mundo afora.



quinta-feira, fevereiro 27, 2014

A sede brasileira por sangue venezuelano.


A sede brasileira por sangue venezuelano.

por Felipe Melo

O governo venezuelano tem mostrado há semanas, de maneira claríssima e indisfarçável, o seu verdadeiro caráter. O regime comandado por Nicolás Maduro tem utilizado todo seu aparato oficial e extra-oficial de repressão sem nenhum pudor: a Guarda Nacional Bolivariana – que é uma filha diletíssima da Guarda Revolucionária Islâmica iraniana – tem atuado de maneira sanguinolenta na contenção dos maciços protestos populares; grupos paramilitares – como os coletivos La Piedrita e Tupamaros –, treinados e armados pelo regime bolivariano, espalham o terror em ataques móveis, atirando a esmo contra os manifestantes e executando-os a sangue frio; esquadrões militares cubanos enviados pelos irmãos Castro agem no seqüestro de alvos importantes para o governo venezuelano, como foi o caso do General de Brigada Ángel Vivas – que resistiu bravamente, mesmo que isso lhe tivesse custado a própria vida. Se ainda havia alguma dúvida sobre o caráter totalitário do governo venezuelano, que desde Chávez mergulhou aquele país numa crise social e econômica sem precedentes na história da Venezuela, não resta mais dúvida alguma.

Coletivo La Piedrita e suas crianças milicianas devidamente armadas.
General de Brigada Ángel Omar Vivas Perdomo resistindo 
às forças cubanas que,a mando de Maduro, tentavam prendê-lo.


Ainda que a frágil máscara de democracia do regime venezuelano tenha sido totalmente obliterada pelos recentes acontecimentos naquele país, e apesar da profusão de fotografias e vídeos amadores que, graças à internet, tem rodado o mundo – afinal de contas, o governo bolivariano da Venezuela tem “democraticamente” cerceado o exercício da imprensa local e internacional –, um grupo de grandes organizações de “movimentos sociais” entregou à missão diplomática venezuelana no Brasil uma carta de apoio ao regime de Maduro. A carta foi publicada originalmente em espanhol no site da Embaixada da República Bolivariana da Venezuela no Brasil. Abaixo, segue a íntegra da tradução para o português (grifos meus):






Carta ao Presidente Nicolás Maduro e ao Povo Venezuelano 
Nós, dirigente das organizações políticas, movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores que acompanhamos a campanha “Brasil está com Chávez”, vemos com muita preocupação os recentes acontecimentos na Venezuela e alertamos o povo brasileiro sobre mais uma nova tentativa antidemocrática para derrubar o Governo Bolivariano da Venezuela. Há vários meses acompanhamos a situação Venezuela e sabemos dos embates de setores da elite, com interesses econômicos contrários aos da maioria da população, que têm promovido uma “guerra econômica”, promovendo a especulação, o desabastecimento e a inflação excessiva de preços, prejudicando a grande parte da sociedade venezuelana. Esses grupos opositores tentam responsabilizar o Governo pela situação econômica, assim como por outros problemas no país e, sob essa alegação, em 12 de fevereiro passado, marcharam em protesto por várias cidades do país. A intenção dos líderes opositores, como o ex-prefeito de Chacao, Leopoldo López, era a de permanecer na rua até conseguir “a saída” do governo atual. A maioria dos participantes foi de estudantes e as manifestações, em sua maior parte, ocorreram de maneira pacífica até que grupos violentos provocaram ações como o confronto com as forças de segurança, ataques contra o Ministério Público, o assalto à residência do Governador do estado de Táchira, a depredação do Metrô de Caracas e do serviço de Metrobus com passageiros a bordo, entre outros. Como resultado, três pessoas foram mortas e mais de 60 ficaram feridas. Posteriormente, iniciou-se de imediato uma campanha nas redes sociais afirmando falsamente que na Venezuela havia uma repressão massiva contra os estudantes. Fomos testemunhas do uso de inúmeras imagens manipuladas para condicionar a opinião pública internacional contra o Governo venezuelano. Os Estados Unidos, de maneira pública e privada, também se manifestou contra o governo do presidente Nicolás Maduro, exigindo mudanças em suas políticas. A coincidência conjuntural de todos esses elementos lembra velhas fórmulas golpistas já vividas em nossa região e em outros lugares do mundo. Isso nos obriga a pensar que existe uma possibilidade real de que setores extremistas da oposição venezuelana e interesses estrangeiros estejam tentando forçar uma saída não-constitucional ao Governo Bolivariano. Por isso, consideramos importante fazer um chamado de alerta à população brasileira para que acompanhe de perto os acontecimentos e manifestamos nossa solidariedade ao povo venezuelano nesta hora difícil. Sabemos que todas as venezuelanas e venezuelanos têm o direito legítimo de protestar e que isso está garantido na Constituição de 1999, que, ademais, é uma das mais avançadas do mundo em termos de participação popular na política e na sociedade. Não obstante, o direito de manifestação não pode ser usado para justificar atos de violência, nem para promover uma saída golpista, não-constitucional e antidemocrática ao governo atual. Apoiamos o direito das venezuelanas e dos venezuelanos de decidir seu futuro político dentro do marco legal da Constituição e mediante os mecanismos eleitorais e participativos previstos, como o referendo revogatório. Repudiamos os atos de violência ocorridos nos últimos dias e manifestamos nossa completa solidariedade aos familiares das vítimas. Repudiamos também a campanha nas redes sociais e a cobertura parcial e tendenciosa dos meios de comunicação que distorcem a realidade venezuelana para satanizar o governo do Presidente Nicolás Maduro. Repudiamos qualquer forma de ingerência por parte do governo dos Estados Unidos ou de qualquer outro país nos assuntos internos da Venezuela. Clamamos o governo brasileiro a se solidarizar com o governo do Presidente Nicolás Maduro ante os recentes embates e ao povo brasileiro para que não se deixe manipular pela campanha midiática de difamação contra o Governo Bolivariano da Venezuela. Manifestamos novamente nossa total solidariedade ao Governo Bolivariano, que nos últimos 15 anos, e apesar de repetidas tentativas de desestabilização, alcançou sucessos substanciais em melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, como a erradicação do analfabetismo, a ampliação do cuidado médico e de ingresso nas universidades, a diminuição da pobreza, a democratização das comunicações e, sobretudo, a ampliação dos direitos de participação política de todos os setores da população. Fazemos um chamado à oposição venezuelana que se mantenha no caminho constitucional e se afaste dos grupos violentos que põem em risco o futuro da democracia venezuelana para todos. Um golpe de Estado na Venezuela seria um retrocesso na consolidação democrática que viemos construindo em toda a região. Não ao golpismo! Viva o Povo Venezuelano! Brasília, 21 de fevereiro de 2014. Subscrevem:

  • União Nacional dos Estudantes (UNE) 
  • Central Única dos Trabalhadores (CUT) 
  • Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) 
  • Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB) 
  • Consulta Popular Levante Popular da Juventude Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) 
  • Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Campo (MTC) 
  • Via Campesina – Brasil 
  • Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF) 
  • Juventude Revolução Núcleo de Estudos Cubanos da Universidade de Brasília (Nescuba) 
  • Juventude Libertária Anticapitalista Marcha Mundial das Mulheres – Distrito Federal 
  • Esquerda Popular Socialista do Partido dos Trabalhadores (EPS/PT) 
  • Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) 
  • Associação dos Engenheiros Agrônomos do Distrito Federal 
  • Central de Movimentos Populares do Distrito Federal 
  • Associação Médica Nacional Dra. Maíra Fachioni 
  • Comitê de Defensa da Revolução Cubana Internacionalista 
  • Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) 
  • Movimento Democracia Direta (MDD) 
  • Comitê Brasil está com Chávez 




A UNE, que tem apoiado e participado efusivamente dos protestos promovidos no Brasil desde meados do ano passado – e que não raro respaldou a violência perpetrada por Black Blocs –, não hesitou em dar o seu apoio a um governo que vem, nas últimas semanas, sequestrando, torturando e assassinando estudantes que protestam de maneira pacífica. Um grupo de pesquisa oficial da Universidade de Brasília, o Núcleo de Estudos Cubanos (do qual já falamos aqui no blog há tempos), também não pensou duas vezes em garantir seu apoio a um governo que tem trucidado impiedosamente a população que deveria proteger. Até mesmo o Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal arrogou-se o direito de apoiar um governo que tem sistematicamente ameaçado com demissão e prisão seus servidores públicos que se negarem a participar de manifestações públicas a favor do governo, como aconteceu recentemente aos funcionários da PDVSA. A essas “organizações políticas, movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores” que tão diligentemente apoiam o regime criminoso de Nicolás Maduro, quero lembrar que o sangue de Jimmy Vargas, Génesis Carmona e Jhony Carvallo estão em suas mãos.\


Génesis Carmona, Miss Turismo Carabobo 2013, 22 anos,
assassinada por milicianos tupamaros pró-Maduro.

Jimmy Vargas, estudante assassinado pela Guarda Bolivariana Nacional,
sendo velado por sua mãe, Cármen González.

Jhony Carvallo, 41 anos, executado em Cagua, estado de Aragua,
por forças leais a Nicolás Maduro.



Fonte: Midia Sem Máscara