por Cristian Derosa (*)
A bancada LGBT do Brasil faz parte de um movimento internacional que não pretende somente exigir suporte estatal para suas próprias práticas ou desejos sexuais. Nem mesmo ela age exclusivamente no intuito de modificar ou expandir o conceito de normalidade às fronteiras dos seus próprios vícios. Não é este o objetivo. Ela pretende estender a toda a sociedade o desejo de lutar selvagemente pela garantia das demandas mais torpes e primitivas, visando legitimar a instauração de rígidos controles estatais, tudo em nome dos "direitos humanos" e até mesmo da moralidade, devidamente re-conceituada conforme a atuação de grupos de pressão como os gayzistas, feministas, etc..Enquanto o controle totalitário não é obtido, o desenvolvimento do processo permite que se vá controlando as condutas mediante ideias e promessas de realização, o que Santo Agostinho chamou de libido dominandi.
Michael Jones, na obra Libido Dominandi: Sexual Liberation and Political Control, usa do termo agostiniano para afirmar que a liberdade humana não depende da natureza ou das leis, mas é uma função do estado de moralidade em que ele vive. O autor lembra do conhecido Marques de Sade, que já em princípios do século XVIII, dera início à frutuosa parceria entre revolução sexual e política, abrindo as portas do inferno para a Revolução Francesa, iniciando o processo que culminará em nossos dias. Depois dele, muitos intelectuais propagaram essa ideia por verem nela o potencial que lhes propiciaria o futuro controle social desejado.
A luta sexual gayzista está sendo somente um meio útil aos objetivos revolucionários. Não há diferença, para eles, se pelo poder é preciso defender os direitos dos gays ou fuzila-los em praça pública, como fizeram e fazem as ditaduras revolucionárias. Os cristãos que hoje estão sendo atacados pela militância gayzista e vistos como inimigos do povo, serão os únicos que continuarão a defender a vida quando a ira do Grande Irmão voltar-se contra gays, feministas e todos os idiotas úteis que trabalham sem saber pela sua própria aniquilação.
Analisando os tópicos reivindicados pela militância GLBT, o jornalista Peter Heck chamou a atenção recentemente para o fato de que a luta pela instituição das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, não tem por base dar uma nova definição para o “casamento”. Para isso deveria haver uma definição alternativa sendo defendida. Ao contrário, segundo ele, o que se está querendo é antes uma “indefinição” do casamento. “Uma tentativa para obliterar qualquer parâmetro fundamental para o que é percebido como comportamento sexual moral e imoral”, diz Heck. Para qualquer um que tenha acompanhado o desenvolvimento desse assunto na grande mídia e na cultura pop nas últimas duas décadas, esse esforço não parece ser nenhuma novidade.
Há um processo de injeção de assuntos no público que gera uma indução de condutas. Estas condutas, por sua vez, vão funcionar como motores de justificação. Para compreender como isso acontece, segundo algumas técnicas sociais, podemos recorrer tanto à dissonância cognitiva como à teoria do Agenda-Setting.
Na dissonância cognitiva, de Leon Festinger, uma das tantas teorias estudadas para o uso na engenharia social ao longo do século XX, o desconforto causado pelas contradições internas entre a prática e os conhecimentos induzem a um rearranjo cognitivo que pode se dirigir à mudança de comportamento ou justificação racional do mesmo. Mas a tese de Festinger se ocupa especialmente do último caso. O potencial de uso dessa teoria para a determinação de comportamentos sociais, utilizada em conjunto a outras técnicas como a do agendamento, favorece imensamente a difusão de ideias justificadoras que viabilizam o poder do “governo invisível” referido por H. G. Wells, sugerido por Walter Lippmann, já desde a década de 1920, além de tantos outros intelectuais.
Basicamente, como dissemos, a teoria dá conta do processo de redução da dissonância, isto é, redução da contradição interna entre comportamento e ideias, o que faz com que a mente busque alívio na justificação das suas ações ao invés do abandono do comportamento. A dissonância coloca as duas opções ao indivíduo: ou modifica a prática adequando-a à cognição que tem da coisa ou modifica a cognição para justificar a ação.
Para que isso funcione de forma espontânea e em favor das mudanças desejadas pelos engenheiros sociais, porém, é preciso gerar um contexto em que o desejo de redução da dissonância se torne uma condição psicológica para a convivência social, da qual o cidadão dependa em alto grau. É fácil perceber que para elevar o nível de desejo subjetivo de modo a torná-lo necessário à realização pessoal, inicialmente é preciso associá-lo a valores já existentes na sociedade. Vamos falar de dois valores essenciais na democracia que pressupõem garantias do estado como condições democráticas: os direitos e as opiniões. Comecemos pelos direitos. A regulamentação jurídica do casamento, por exemplo, não surgiu na sociedade como atendimento a uma necessidade subjetiva das duas partes ou direito civis, mas como solução à condição objetiva do problema da partilha de bens diante da descendência. A lei civil do casamento existe em função da potencial geração de filhos, o que fez com que se buscasse instituir civilmente os costumes familiares que já existiam.
O feminismo foi a primeira luta política que condicionou a conquista de direitos civis à modificações nos fundamentos da moralidade vigente. Por meio da revolução cultural e sexual do século XX, foi sendo associada a progressiva conquista de direitos civis objetivos na modernidade, como os direitos trabalhistas, às lutas de caráter subjetivo como o feminismo. À medida que as subjetividades ganhavam atenção de acadêmicos das ciências sociais, eram paralelamente elevados a um patamar de direitos políticos, culminando com a revolução sexual das décadas de 1960-70. Abriu-se o precedente para a mais inconsequente subjetivação dos direitos políticos.
Edward Bernays, o mágico da propaganda, deu novo impulso à sociedade americana, nas décadas de 1930-40, ao motivar o consumo, que antes restringia-se ao campo da necessidade material, ao desejo subjetivo mediante estímulos e associações simbólicas e subliminares. A ascensão da sociedade de consumo soube vazar as suas demandas individuais também para a luta política.
Outro valor essencial e propício a este tipo de associação no mundo moderno são as opiniões e estas podem ser facilmente associadas a direitos. Ora, as opiniões são quase obrigatórias na sociedade democrática moderna e gozam, por assim dizer, de uma posição de verdadeiras virtudes. O indivíduo que não tem uma opinião formada sobre cada um dos temas presentes no debate público é um despolitizado e, consequentemente, não é cidadão. Ao menos é assim para as classes letradas, de onde brota a chamada "Opinião Pública".
O uso da teoria do agendamento como técnica de formação da opinião pública tem sido percebido não só na prática jornalística, orientada pelos donos da mídia, mas por pesquisas acadêmicas que buscam influenciar o processo pelo agendamento visando admitidamente a modificação ou ampliação de debates que gerem necessidades de mudança social. Antes, a opinião só era associada a desejos subjetivos em caso de mal uso, de imoralidade ou deficiência de caráter. Aos poucos, porém, o subjetivo foi sendo tratado como uma condição inevitável na formação da opinião e, mais tarde, desejável. Mas como essa associação se transforma em automatismo na mente contemporânea? A resposta está no controle do fluxo de informações e, consequentemente, das emoções humanas por meio da contrariedade. Expliquemos.
Um dos pesquisadores das opiniões da massa, o francês e mentor globalista Gabriel Tarde, dizia que a opinião só existe quando há contrariedade. Isso quer dizer que não há opinião sobre temas que não são motivo de oposição, o que Festinger chama de “relações irrelevantes”. A teoria do Agenda-Setting – abordada como técnica – também ajuda a explicar este fenômeno quando afirma que uma qualidade atribuída a um elemento ou tema só pode existir quando o assunto se torna debatível, ou seja, é elevado à pauta pública, tornado relevante. Bernard Cohen disse que a mídia não tem grande capacidade de definir como as pessoas pensam, mas pode com certeza influenciar o que vão pensar. O que Cohen não disse é que, depois de definir “o que” pensar, fica fácil atribuir-lhe qualidades desejadas.
Para tornar um tema relevante, justamente por isso, vale tudo. O homossexualismo se tornou assunto público quando das campanhas contra a pederastia, nos EUA, nas décadas de 1940, que alertavam para o perigo destes “elementos desordenados” da sociedade. Para fugir do arquétipo criminoso, intelectuais trabalharam para transformar o homossexualismo em doença diagnosticável e, portanto, livrá-los da condenação pública. Uma vez chamados de doentes, coube aos intelectuais relativizarem a loucura e a doença, elevando aspectos doentios da própria sociedade. Alfred Kinsey ficou famoso por seus relatórios que traziam dados (hoje sabidamente falsos) sobre a imoralidade sexual na sociedade americana. Kinsey é um dos pioneiros da campanha pelos direitos gays nos EUA e ainda hoje é tido como mestre inspirador do movimento internacional, embora tenha sido condenado por crimes de pedofilia. O homossexual tornaria-se então uma vítima da sociedade preconceituosa e hoje já ganha ares de ilha de sanidade em meio do oceano de perversões sociais que o oprimem. Com a luta pela “união homoafetiva”, o que já foi doença transfigura-se agora em direito civil ao ponto de haverem leis que criminalizem a mera opinião contrária.
A pedofilia não poderia trilhar outro caminho. Entrou em debate público como um problema, uma chaga social a ser resolvida. A criança era a grande vítima do abuso. Iniciaram-se campanhas contra a pedofilia, instigando o povo a denunciar. Aumentando denúncias, obviamente aumenta-se os casos conhecidos e a sociedade habitua-se com o crime. Hoje há quem defenda que a pedofilia é uma doença e o processo avança à medida que formam-se associações de pedófilos no mundo todo a exigir direitos sexuais de crianças. Leis que criminalizem a opinião contrária à pedofilia não estão fora de cogitação, como já disse o filósofo Olavo de Carvalho.
Ora, Gabriel Tarde falava da contrariedade como condição à existência de opinião. Observando a história desses movimentos e das teorias que dominam o campo da comunicação, concluímos ser bem conhecido por engenheiros sociais o fato de que quando se diz não à pedofilia, o “sim” surge como possibilidade lógica e ganha os campos da imaginação. Se há opiniões contrárias à pedofilia, por que não haver as favoráveis? O “legalize já”, jamais teria existido sem as décadas de “diga não às drogas”. A normalização de uma prática ou fato é essencial para a sua institucionalização assim como o casamento que, historicamente existente e praticado há séculos, acabou tendo como resultado a sua regulamentação civil na sociedade. A pauta da união civil gay é uma tentativa de imitar essa condição, a condição de prática existente a ser garantida civilmente.
Do mesmo modo, uma das principais justificativas para a legalização do aborto são os números de abortos. Então inflaciona-se, alardeia-se. Celebridades assumem a homossexualidade para simular à opinião pública de que se trata de uma realidade gritante que precisa ser reconhecida, quando na verdade não é mais do que uma fantasia de uma minoria desregrada e imoral que tenta subjulgar a maioria e obrigá-la, por pressão de leis, a abraçar o seu modo de vida, o que fatalmente ocorrerá e resultará num reforço de suas reivindicações, além da justificação às suas perturbadas consciências. Entortar o mundo parece ser a melhor maneira de se parecer direito.
Assim, uniões civis gays, pedofilia, drogas, aborto e, mais ainda, a poligamia e o que mais a imaginação mandar, serão facilmente institucionalizados enquanto os direitos e opiniões estiverem balizados pelos desejos. Porque os desejos existem no campo da imaginação e, sem moral, não há limites para o que se pode imaginar e desejar. Viveremos para ver o surgimento de instituições que garantam direitos a canibais, comedores de fezes, lunáticos de todo o tipo?
Mas quanto pior for o caos sexual e moral a que a sociedade seja submetida, mais imoral será a reação, a solução final desejada pelos verdadeiros financiadores das perversões sexuais que virão, poderosos e triunfantes, deitar sobre o povo a imoralidade da solução totalitária e controladora do governo mundial ao qual as grandes massas clamarão, com suas opiniões devidamente modeladas conforme o gosto dos gestores dos fluxos de informação.
(*)Cristian Derosa é jornalista e está no Facebook (aqui)
Fonte: Mídia Sem Máscara
Nenhum comentário:
Postar um comentário