domingo, junho 22, 2008

BRASIL:MEU AMOR SECRETO




No começo era coisa de adolescente. Adolescentes se apaixonam fácilmente. "Mas logo uma prostituta?", era o que eu ouvia frequentemente. Os mais velhos e experientes estavam sempre me aconselhando. Mas que adolescente escuta conselhos dos mais velhos? No fim das contas, os mais velhos - pensava eu - perderam a capacidade de lutar por alguém que se ama.


A paixão por aquela prostituta aumentava à medida em que o tempo passava. Não pensem errado; jamais investi, como os outros, sôbre a prostituta. Para mim - como para a maioria dos homens - era e será sempre possível transformar uma prostituta em uma mulher honrada, uma mãe, a esposa ideal.

De repente, nem me lembro quando exatamente, ela abandonara a prostituição. Fiquei feliz, mas agora faltava-me a coragem de chegar mais perto dela, de acompanhá-la, talvez amá-la de verdade e lutar para que ela nunca mais retornasse à prostituição.


Nada fiz e continuei platônicamente apaixonado por ela. Desejei-a à distância ou em sonhos ou em pensamentos vagos, mas não a acompanhei nem mesmo como um amigo de verdade.

E tudo voltou a acontecer. Ela se deixou envolver novamente. Agora ela era não apenas uma prostituta, mas uma escrava dos prazeres de muitos. Vendiam-na para a escória, a preço vil. Sua beleza, outrora infinita, estava se acabando.

E novamente, eu me calei, nada fiz. Faltou-me - e ainda falta - a coragem dos sem escrupulos, daqueles que entram no bordel e arrebentam tudo, finalmente salvam a amada das garras dos estupidos e, como num filme meloso de amor, mas cheio de verdades, abraçam a sua paixão e beijam, sem censura, o corpo todo de quem se amou a vida toda.


Hoje, para entrar nesse bordel eu preciso de muito mais do que a coragem, preciso de ajuda. Não quero a ajuda de quem sabe falar coisas bonitas, bem colocadas, sem erros gramaticais. Para salvar a minha prostituta amada eu não quero a ajuda de filósofos ou psicólogos: a tarefa requer gente que ouse meter o pé na porta, sair na porrada, agir como agiram os que se apossaram do coração e da alma da minha prostituta, do meu amor.

Quem quiser ou puder ajudar, não se cale como covardemente eu fiz; venha para a luta.

É lógico que quem se dispuser a ajudar, também quer saber de quem se trata, afinal ninguém briga por alguém que não conheça. A minha prostituta se chama Brasil e quer - eu sei disso - voltar a ser alguém e ser amada de verdade, com respeito.

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