por Herman Glanz
A crise econômica corre o mundo, especialmente nos países da zona do euro, onde medidas de austeridade estão sendo exigidas, criando situações bastante difíceis para a população aceitar, especialmente a redução de salários, de vantagens e de aposentadorias. O desemprego cresce assustadoramente: na Espanha, ¼ da população ativa está desempregada. A economia está ruim, também, nos Estados Unidos, refletindo-se na campanha eleitoral. Alastra-se pela América, de norte a sul, a China reduziu seu crescimento, e a Primavera Árabe também indica um desespero econômico. Observando os países da União Europeia, vemos que um espírito de extremismo se espalha no rastro da austeridade econômica. E isto preocupa.
Nas recentes eleições da França, 1/3 dos votos foram depositados tanto para partidos da extrema-esquerda trotskista como para a extrema-direita nacionalista-xenófoba. Na Grécia, 70% dos eleitores apoiaram tanto a esquerda-radical como os xenófobos da extrema-direita. Os extremistas de ambas as vertentes estão crescendo na Alemanha, Áustria, Itália, Noruega, Holanda, Suécia e Dinamarca. Nos países do Leste europeu, antigos países do Bloco soviético, como Ucrânia e Hungria, e também na Rússia, existem movimentos extremistas. Devemos nos lembrar que a dificuldade econômica da Alemanha depois da Primeira Guerra deu lugar ao “messianismo” de Hitler.
Muitos analistas políticos estão advertindo sobre a polarização da política europeia. Mas observa-se que os extremos se tocam, tendo muito em comum esses partidos.. Os partidos da extrema-esquerda da Europa, à semelhança dos outros partidos da esquerda no resto do mundo, defendem aumento de impostos, taxas elevadas para grandes fortunas, desenvolvimento bancado pelo governo, estatização e distribuição de renda, tipo bolsas, como forma de solução para as preocupantes economias mundo afora. E a maioria desses partidos são anticapitalistas e antiamericanos. Interessante notar que a própria esquerda judaica se insere na esquerda mundial.
E é aí que tudo começa. Atualmente, o antissemitismo é parte do antiamericanismo, talvez, até, parte constitutiva do antiamericanismo. O antissemitismo é antigo, vem de muito antes da existência do continente americano, mas foi somente a partir do final do Século XIX e início do Século XX que o velho antissemitismo europeu passou a acompanhar o antiamericanismo. Foi o medo da modernidade e a crítica ao capitalismo que os reuniu, como forma de expressar um ressentimento. E isto porque os judeus, assim como os americanos, passaram a ser vistos como exemplos da modernidade, administradores do dinheiro, incentivadores do lucro, empreendedores, globalizados e cientistas, hostis aos valores tradicionais europeus, os judeus movendo-se de um lugar para outro, mas as razões da mobilidade se deviam às hostilidades.
No início, era o clássico antissemitismo associado à perda contínua de status da Europa para os Estados Unidos. Agora, com a única potência mundial representada pelos Estados Unidos, o ressentimento europeu cresce, e cresce o antissemitismo, quando a crise econômica desponta. O antissemitismo foi sempre associado à direita, e a esquerda ficava livre para se mostrar anti-israelense e antissemita ao mesmo tempo. E essa duplicidade da esquerda conquistou a Europa antissemita, mostrando que o antissemitismo da esquerda se tornou mais preocupante que o da direita, que continua o mesmo de sempre. A esquerda anti-israelense seduz até uma esquerda judaica. lamentavelmente, como se o anti-israelismo (que não distingue governos no poder) fosse diverso do antissemitismo clássico.
Por outro lado, os partidos da extrema-direita europeia diferem da direita nos Estados Unidos. Na América a direita propõe governos minimalistas, liberdade econômica, redução de impostos. Na Europa, a direita tem propostas que são mais extremistas do que as da esquerda. Na França, Marine Le Pen quer um governo forte, autoritário, amplo, anticapitalista, que se parece com ideias da esquerda; a única diferença diz respeito ao nacionalismo, um socialismo nacionalista, enquanto a esquerda quer um socialismo internacionalista, se opondo aos Estados Unidos.
O antiamericanismo cria situações de antissemitismo, às vezes, subliminares. A reação ao Irã passa a ser “explicada” como o interesse do Banco Rotschild dominar o Banco Central Iraniano, onde, evidentemente, o antissemitismo se insere de forma camuflada. E eis, portanto, outro ponto da atualidade – o fundamentalismo islâmico. O islamismo fundamentalista, espalhado pela Europa, com sua violência, cria situações de pânico, fazendo governos tentar apaziguar a situação, que se apresenta com ataques a judeus, como novamente ocorreu em Toulouse, na França. Em Malmo, na Suécia, a coletividade judaica está se mudando totalmente, tornando aquela cidade judenrein. A Argentina passa a manter conversações com o Irã para encerrar a crise da AMIA, destruída por um atentado iraniano, conforme a justiça argentina.
Por isso vemos uma união da direita e das esquerdas antiamericanas e contra Israel, pró-palestina, aliada ao fundamentalismo, criando uma situação que impede qualquer tentativa de paz no Oriente Médio e até trazendo para o nosso restrito mundo os problemas de longe, sem dar solução para os problemas locais, explicando a união de Hugo Chávez com Ahmadinejad. Sem esquecer que dia 2 passado, lembramos 95 anos da Declaração Balfour:
A Declaração Balfour, ocorrida no dia 2 de novembro de 1917, foi a primeira manifestação oficial emitida por uma potência a favor da criação de um lar nacional judaico em Eretz Israel. Esta conquista de tanta significação, para as esperanças sionistas, despertou, em sua época um vibrante entusiasmo no mundo judaico.
A Palestina, sob domínio do império turco até a guerra de 1914, converteu-se nesses trágicos dias num campo de batalha. Os exércitos ingleses invadiram a Terra Santa para libertá-la dos turcos, e ,em virtude dos combates, a obra já realizada pelos sionistas sobre o solo de Israel foi, em grande parte, devastada.
Tendo encontrado no governo inglês ouvidos mais atentos às reivindicações de uma pátria judaica, e levando em conta que os interesses da Grã-Bretanha no Canal de Suez seriam favorecidos pela vizinhança de um povo amigo, os dirigentes sionistas iniciaram com afinco suas gestões em prol do reconhecimento de suas aspirações por parte do governo inglês. Desta vez seus esforços tiveram êxito, e a tão ansiada declaração foi feita pelo ministro Arthur James Balfour numa carta dirigida em 1917 ao barão de Rothschild.
Esta famosa declaração foi aprovada pela França, Itália, Estados Unidos e outras potências filiadas à Liga das Nações, entre elas vários paises sul-americanos. Com ela, a campanha sionista recebia um estímulo de inestimável valor, cujos resultados logo se evidenciaram pela multiplicação das colônias em Eretz Israel e pelo desenvolvimento industrial e cultural do país.
Arthur James Balfour, também conhecido como o Primeiro Conde de Balfour (1848-1930) foi Primeiro Ministro Britânico entre 1902 e 1906 e ministro do exterior de David Lloyd George, de 1916 a 1919.
Declaração Balfour
Ministério das Relações Exteriores
2 de novembro de 1917
Prezado Lord Rothschild,
É com grande prazer que envio a Vossa Senhoria, em nome do Governo de Sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia com as aspirações judaico-sionistas, que foi submetida e aprovada pelo ministério.
"O Governo de Sua Majestade vê com bons olhos o estabelecimento na Palestina de um Lar Nacional para o Povo Judeu e fará seus melhores esforços para facilitar a realização deste objetivo, ficando claramente entendido que nada deve ser feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na Palestina, ou os direitos e status político disfrutado pelos judeus em qualquer outro país."
Ficaria agradecido se Vossa Senhoria levasse esta Declaração ao conhecimento da Federação Sionista.Sinceramente,
Arthur James Balfour
Fonte: Pletz/Chasit.com
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