por Everthon Garcia.
Raros estrangeiros, e certamente nenhum outro chefe de Estado, desfrutou nos Estados Unidos, como D. Pedro II, uma tão grande popularidade e foi acolhido ali com tão expressivas provas de respeito e mesmo de amizade. Não somente por parte dos políticos, como também pelo povo americano.
O entusiasmo pelo Imperador era enorme. Talvez ele tenha sido o visitante estrangeiro mais popular a pisar por lá. Qualquer coisa que D. Pedro fizesse chamava a atenção dos americanos. As pessoas ficavam fascinadas pelas suas qualidades.
A American Geographical Society organizou uma reunião especial, com a presença de D. Pedro II. Na saudação, o poeta Bayard Taylor afirmou: “Nunca esteve entre nós um estrangeiro que, após três meses de permanência, pareça ao povo americano tão pouco estrangeiro e tão amigo quanto D. Pedro II”.
O Imperador percorreu cerca de 15.000 quilômetros dentro dos Estados Unidos. Os políticos não perderam a oportunidade do exemplo para se fustigarem mutuamente, e um editor afirmou: “Quando ele voltar ao Brasil, estará conhecendo mais os Estados Unidos do que dois terços dos membros do Congresso!”.
No dia 4 de julho de 1876, festa do centenário da independência americana, D. Pedro II se encontrava nos Estados Unidos, porém em caráter particular, como fazia durante as suas viagens.
Estava programado um espetáculo de gala, do qual participariam o presidente Ulysses Grant e toda a representação do mundo oficial. Ao hotel em que estava hospedado como “D. Pedro de Alcântara”, foi-lhe enviado um convite para assistir à solenidade no camarote do presidente americano. D. Pedro agradeceu e devolveu, dizendo que não estava ali como Imperador, portanto não podia aceitar, mas que iria em caráter particular. E foi. Mas o mestre de cerimônias o conduziu a um camarote “particular”, vizinho ao do presidente. Quando D. Pedro apareceu no seu lugar, em companhia da Imperatriz, correu-se a cortina que separava os dois camarotes, e ele se viu ao lado do presidente, no mesmo camarote. Desfraldaram-se nesse momento, unidas, a bandeira americana e a brasileira. Logo depois a banda entoou o hino brasileiro, e uma multidão entusiástica, de pé, saudou com prolongadas palmas e vivas o nosso Imperador.
O jornal North American comentou: “Nenhum governante, de nenhum país, tanto como homem quanto como governante, jamais teve tantos méritos diante dos Estados Unidos quanto D. Pedro II”.
Em 1877, quando se iniciava a campanha política nacional nos Estados Unidos, o New York Herald relembrou a visita do Imperador, e apresentou a seguinte proposta: “Para nossa chapa Centenária, indicamos Dom Pedro II e Charles Francis Adams, para presidente e vice-presidente. Estamos cansados de gente comum, e sentimo-nos dispostos a apoiar gente de estilo”.
Tão grande era a admiração dos americanos pelo nosso Imperador que ele acabou recebendo, nas eleições presidenciais de 1877, só na Filadélfia (veja só), mais de 4.000 votos espontâneos.
– Do livro “Revivendo o Brasil Império”, de Leopoldo B. Xavier. São Paulo: Artpress, 1991. p. 113-115 e 107.
Fonte: Conservadorismodobrasil.com.br
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