por Pierre-Yves Dugua para o Le Figaro
Brilhante, espirituoso e sedutor, Bill Clinton defendeu em Charlotte (Carolina do Norte) Barack Obama diante de uma multidão de militantes democratas em delírio. A notícia foi devidamente divulgada pela imprensa, muito feliz em finalmente encontrar argumentos para justificar as políticas fracassadas de Barack Obama.
Há apenas um pequeno problema: Bill Clinton é em grande parte responsável pela crise que mergulhou o mundo em recessão a partir de 2008. Quando ele era presidente, Bill Clinton sancionou leis que provocaram um encadeamento catastrófico.
Quem removeu as barreiras entre os bancos de investimento e bancos de varejo? Bill Clinton.
Quem obrigou os bancos a emprestar às famílias insolventes? Bill Clinton.
Quem instaurou uma taxação dos ganhos de capital a uma taxa menor do que a renda normal? Bill Clinton.
Que reformou o sistema de ajuda aos desfavorecidos para elevar a ajuda ao nível de renda fixa? Bill Clinton.
Quem assinou acordos de livre comércio e encorajou a transferência de capitais e empregos na indústria para outros países? Bill Clinton.
É incrível que esses fatos básicos não sejam lembrados pelos democratas de hoje.
Eu li em todos os lugares que “Bill Clinton é um centrista que equilibrou o orçamento que George W. Bush, em seguida, detonou.”
Na verdade Bill Clinton iniciou seu mandato em 1993 exatamente como Barack Obama: com uma enorme inclinação para a esquerda. Ele tentou uma reforma da saúde e foi massacrado por um Congresso democrata. Ele também lutou, com o mesmo resultado, para que os homossexuais pudessem servir abertamente nas forças armadas.
Resultado: Do mesmo modo que Barack Obama, dois anos depois da posse, ele arrumou uma enorme derrota eleitoral para os democratas.
Em 1994, pela primeira vez desde os anos 50, os republicanos recuperaram o controle da Câmara dos Deputados.
Para sobreviver diante da crescente reação que se tornaria mais tarde o “Tea Party”, Bill Clinton fez compromissos e salvou a segunda metade de seu mandato. Os republicanos de Newt Gingrich bloquearam todas as iniciativas perdulárias. Em consequência, o orçamento foi equilibrado, graças também a um forte crescimento gerado por um enorme endividamento privado que começara a inchar o que mais tarde seria chamado de “bolha imobiliária” e “bolha da internet”. E Bill Clinton tinha a ajudá-lo neste período de euforia que deveria ser considerada danosa um certo Alan Greenspan, presidente do Fed.
Isso não quer dizer que a política fiscal de George W. Bush não iria piorar a situação no futuro. É óbvio que sim.
Mas apresentar Bill Clinton hoje como um santo, injustamente perseguidos pelos perversos republicanos, é muito chocante.
E eu nem mesmo falo do seu comportamento em relação às mulheres. Estas, a acreditarmos nos democratas, o perdoaram.
Pierre-Yves Dugua é correspondente de economia nos Estados Unidos para o jornal diário Le Figaro.
Tradução: Jorge Nobre, estudante de Letras - Tradução Francês da UnB
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