segunda-feira, setembro 11, 2006

LUAL A CRIATURA


LULLLLA A CRIATUUUUURA

A Kika é realmente uma guerreira. Não contente em denunciar as Maracutaias do Imperador Eu-não-sei-nada-da-Silva, "forçou" a matéria abaixo que está no Blog do Noblat:

Procura-se.

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

Tenho lido sobre a vitória de Lula nas próximas eleições como se comentassem eleições apuradas. Às vezes, até parece que o tempo passou, não me dei conta e já estamos em 2 de outubro. Desculpem, petistas, mas nunca antes neste país se viu um salto doze em vésperas de eleição, como o que hoje enfeita os pés do candidato do PT.

Parece que falamos na coroação do próximo rei. “The King is dead. Long live the King”. Será que é por aí? Será que estamos inaugurando o Segundo Reinado de Lula, o Belo? Ouço as mais estrambóticas explicações para a verdadeira aclamação que se avizinha. Uns falam em carisma. Examinemos essa hipótese.


O que é carisma? Segundo o Aurélio, um conjunto de qualidades especiais de liderança. Um elemento meio abstrato, difícil de refutar, se você não sente o efeito. Mas, onde esse conjunto de qualidades especiais, esse carisma, nas três (3) eleições para presidente que ele perdeu? Em 1989, ele não tinha carisma? Nem em 1994, ou em 1998? Antes ele não tinha carisma, e a partir de 2002 adquiriu quantidades astronômicas desse atributo? Não creio...


Ouço dizer, também, que os pobres vão votar no Lula: eles formam a maioria do eleitorado, e por isso a reeleição está garantida. Então, volto ao enigma da carência. Quem votou em Collor? Os pobres? Naquele caçador de marajás, com cara e jeito de mau, o Collor ‘guerra e ódio’, o Collor rico como Cresus? E no Fernando Henrique Cardoso? Também foram os pobres que o elegeram por duas vezes consecutivas, derrotando o Lula? Não? Foram os ricos? Então eles eram maioria? Os pobres aumentaram tanto assim? A ponto de o Lula ter quase 70% dos votos no Nordeste? O que é isso? Não, essa hipótese também não me convence.


Outra teoria diz que o povo antes não votava num igual; isto, em miúdos, quer dizer que o cidadão mais humilde não votava em seu vizinho, ou num outro cidadão que fosse um trabalhador igual a ele. Como se achava incompetente para governar a nação, não podia acreditar que aquele outro tivesse essa competência. Aí, ganha o Lula, governa por 4 anos, mostra que pode governar, e o tal do cidadão humilde passa a acreditar que é possível, sim, um incompetente como ele governar o país, e que é nesse igual que ele vai votar, pois “ele pensa como nós e age e fala como nós”.


Não parece uma boa explicação? Parece. Mas, como foi que ele conseguiu a primeira vitória, quebrar o tabu? Ora, bingo!, sem querer tocar num assunto constrangedor: foi o Duda Mendonça, esse gênio do marketing, quem percebeu que o Lula só precisava ficar um pouco diferente daquele cidadão humilde que o rejeitara por três (3) vezes. Uma diferença cosmética, digamos assim. E dito e feito. Hoje, o Lula, do antigo Lula, só tem o que tinha de mais arraigado dentro de si. Em tudo o mais, ficou completamente diferente, exatamente o contrário, vindo a dar, ao seu eleitor, uma sensação nova: se ele pode ficar assim elegante, só andar de Aerolula, de helicóptero, de carro blindado, e telefonar para o Bush quando acorda invocado, eu também posso. Um dia, quem sabe?


Uma outra explicação é o voto loteria, ou Hipódromo da Gávea. Uma amiga me escreve a dizer que uma sua conhecida declarou que "Alckmin é realmente um homem sério, um excelente administrador. Mas vou votar em Lula. Ele vai ganhar mesmo... detesto votar em quem vai perder! E, afinal de contas, roubar, todos roubam." Essa senhora entra na categoria do voto-loteca e também na categoria que o Estadão denuncia em um seu editorial, “Lula e os Complacentes”:

"A complacência de uns e a cumplicidade de outros, é tudo que o presidente Lula podia desejar para dizer, sem perder votos, as enormidades a que se entrega nesta campanha. Uma das mais recentes é a de se gabar, espantosamente, da inquebrantável solidez dos laços de amizade que o unem - em mais de um sentido, sem dúvida - aos arquitetos desse vale-tudo em que se banhou o seu governo e o seu partido”. Isso é espantoso, porém não nos esqueçamos que o brasileiro gosta de fazer uma fezinha e tem fama de cordial.


Já o candidato do PT, na verdade o mais interessado, levantou outra possibilidade para a situação muito favorável em que se encontra nas pesquisas, ao declarar em entrevista para a Rádio Guaíba, Porto Alegre, 31 de agosto: “Eu diria que é como casamento. Estamos namorando há muito tempo, estão todos apaixonados e agora é só marcar a data do casamento. A data do casamento é 1º de outubro”. Bem, como paixão não se explica...


Mas nenhuma dessas teorias justifica o mais inusitado: a votação em Lula por inércia. Pessoas sérias, inteligentes, em tudo e por tudo bons cidadãos, têm declarado seu voto em Lula pelos motivos mais estranhos, um chegou a falar que já está habituado a votar nele! Passei então a acreditar numa teoria que, se me assustou, ao menos foi a única que me satisfez plenamente. Lembram do Sobrenatural de Almeida? Pois é, o que o grande Nelson Rodrigues não soube, pois faleceu antes, foi do nascimento de um neto dele, o Extraterrestre de Almeida, também conhecido pelo apelido de Criatura. Assim como o vovô fazia gols, o Criatura faz votos. Só pode ser. Não há outra explicação.


Ando a procura dele. Quem sabe ele conversa comigo e me explica certas coisas ininteligíveis para um brasileiro sem contactos no além? Por exemplo, por que, de repente, se tornou necessário acreditar que, ou somos limpos, ou somos democratas? As duas coisas juntas são como água e óleo? Criatura, por favor, venha nos dar essa explicação. Antes de 1º de outubro, de preferência



Parabéns à jornalista e parabéns a Kika Albuquerque

Nenhum comentário: