quinta-feira, outubro 19, 2006


AINDA BEM QUE NÃO SOU SÓ EU; AINDA EXISTEM NEURÔNIOS FUNCIONANDO NA IMPRENSA NÃO COMPRADA.


DATAFOLHA, EU NÃO ACREDITO

Não acredito nessa última pesquisa do Datafolha. Boa parte do Brasil pensante está com a pulga atrás da orelha com o Datafolha. Difícil crer que Lula (PT) tenha 60% dos votos válidos contra 40% de Alckmin (PSDB), em plena ebulição do escândalo – mais um - do dossiê. Aliás, eu não acredito mesmo, nem sob tortura. Se a cada nova denúncia, se quanto maior a lama envolvendo PT e governo, mais o homem cresce, então o negócio é roubar um cofre de banco com maçarico em horário nobre. O candidato vai a 90%. Posso estar errado? Posso. Posso estar certo acreditado numa leve – ou nem tão leve assim – conspiração? Também, é claro. Faz parte do Homo Politicus Brasileirus a compra de dossiês fajutos pagando milhões em dinheiro vivo. Então, há mais coisa para ser comprada. Mas voltando ao fato, minha descrença se deve ao seguinte: não há nada novo e relevante em favor de Lula na campanha eleitoral deste 2° turno que justifique uma explosão de crescimento de Lula e um desabar de Alckmin. Nem mesmo a cantilena de analistas de última hora que dizem ter o tucano despencado após o debate da Band, onde foi “agressivo demais”. Bobagem. Alckmin só cresceu na reta final do 1° turno quando passou a ser altivo, explorou o dossiê e deixou de lado o bom mocismo que só interessa aos farsantes, mentirosos e criminosos da campanha do PT e de Lula.

Então vejamos.

Nesta última pesquisa, o Datafolha aponta que, considerando apenas os votos válidos, Alckmin teria 53% contra 47% de Lula na região Sul. Eu quero me deter na região Sul, que conheço bem e onde respiro o clima da eleição. Para tanto, vamos relembrar os votos válidos do 1° turno. Na média dos três estados da região Sul no 1° turno, Alckmin atingiu 55,12% dos votos válidos, enquanto Lula teve 34,73%. Pelo Datafolha, Alckmin, que vinha em franca trajetória ascendente, não só não cresce nada como perde votos. E Lula, que fez uma votação pífia para um presidente da República, não só não perde nada como cresce quase 13 pontos percentuais. Ah é, é??? Devem estar de brincadeira.

Como explicar então que o jornal Correio do Povo tenha publicado na edição do dia 12 de outubro passado pesquisa de seu instituto apontando a ampliação das intenções de voto em Alckmin no estado, que atingia 65,1% dos votos válidos contra 34,9% de Lula? Como explicar então que a pesquisa do Instituto Methodus/Revista Voto caminhe na mesma direção neste 2° turno, apontando crescimento de Alckmin para 61,8% e Lula com 38,2%? São resultados muito díspares do Datafolha. A não ser que em uma semana apenas, sem nada de novo e só com os escândalos que depõem contra Lula, tenha ocorrido migração em massa de eleitores de Alckmin para o presidente, o que, convenhamos, não existe no sul do país. Aqui é um dos locais onde a indignação com a roubalheira petista é latente em quase todo o chão que se pisa.

O que? Eu devo estar maluco. Talvez ficando maluco. Ou quem sabe ainda me restem alguns neurônios para perceber que estes números do Datafolha são a maior forçada de barra que já vi em toda a minha vida.

Eu nasci no Rio Grande do Sul, vivo há 34 anos aqui, converso diariamente com pessoas de todas as classes sociais, tenho viajado pelo Rio Grande do Sul e pelos estados vizinhos e tenho todos os motivos do mundo para afirmar que o Datafolha não está retratando a realidade do meu estado. Por tabela, afirmo o mesmo em relação à região Sul. E mais. Se tamanha distorção da realidade acontece por aqui, não é apenas possível, é muito provável que todo o levantamento do poderoso Datafolha esteja contaminado.

Nestes dias de tempos muito estranhos, possivelmente teremos Ibope e outros institutos apontando a mesma tendência de crescimento de Lula e queda de Alckmin. Às vésperas da eleição eles voltam para o lugar e a vantagem diminuirá drasticamente, mas não sem consolidar a desmobilização das oposições e o sentimento de que não há nada a fazer. E então não haverá o que fazer.

Lula está na frente? É provável, mas não tem o que dizem ter. Mas se está na dianteira é muito mais pelas falhas e frouxidão da campanha de Alckmin que pelas virtudes de um governo corrupto e ineficiente. Aliás, Lula só se manteve porque não cruzou com oposicionistas à altura do grave momento histórico brasileiro. Pena que só apareceram alguns covardes, outros milionários brincando de fazer política no Congresso e uns tantos com o rabo preso. Foram esses que representaram a sociedade brasileira honesta na era Lula. É por essas e outras que o Datafolha pode se dar ao luxo de projetar o que quiser.O país será o que eles quiserem.

Ou melhor, o país já é.

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