Visão do paraíso
MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO
"NESTE PAÍS " harmonioso, imaginado por Lula -deus benévolo-, equilibram-se ricos e pobres. A polícia é republicana, famílias saem da pobreza, crianças vão à escola, a saúde é excelente, todos são iluminados, agricultores e industriais prosperam, abunda o crédito benfazejo, os negócios internos crescem e os exteriores nem se fala, sobejam reservas, ninguém precisa de moral (reclamos de ética enfadam, segundo Genro).
Eldorado e retórica falazes. Mais prisões podem tão-só refletir mais crimes. Taxa de freqüência à escola não mede sua má qualidade (a reserva de cotas o atesta) e não tolhe a evasão do jovem. O controle sanitário é deficiente, o trabalho, escasso, empresas fecham, tarifas crescem, a importação para consumo supera a de bens de capital, a carga tributária é recorde, o capital exterior flui sem ônus, as contas governamentais coibem o investimento, grassam os pacotes eleitoreiros (agrícolas, habitacionais, creditícios etc.), o PIB encolhe.
Louva-se a política externa alinhada aos latinos, africanos, asiáticos. Argüiram-se as privatizações lesivas à nação, mas o BNDES atual é farto com a Telecom ítalo-americana. As estatais, bem ou mal, foram vendidas, enquanto a Petrobras, na Bolívia (pobre vítima do imperialismo tupi...) foi "entregue" sem tostão. Enquanto isso, a real política externa priorizou os riquíssimos: não foi nos salões diplomáticos, mas nas bancas financeiras e nos juros mais altos do mundo -com seu irmão siamês, o imposto excessivo- que ela se efetivou: seu chanceler de fato foi Palocci, e seu condestável, Meirelles, reduzindo o país a entreposto do capital estrangeiro. A riqueza nacional aí transferida ganha de qualquer outro desmando político-econômico.
Com o medieval "óbolo do Alvorada", pretende-se distribuir renda e justiça social. Mas como integrar populações carentes em uma sociedade submetida ao capital financeiro, com os setores produtivos e mercantis atrofiados? O simples consumo não permite sequer reproduzir o sistema, quanto mais ampliá-lo. O Bolsa Família, diz-se, "turbinou" o comércio nordestino de eletrodomésticos, celulares e computadores. Milagre ? Negócio da China? O microcrédito, aconselhado pelo BID, aqui não assegura retorno produtivo. Na categoria do consumo cai também o "crédito consignado", exaurindo os salários.
Os bancos, inocentes, apenas "intermedeiam" dívidas privadas ou públicas, desde os Függer. Nesse éden, Lula serve ao banqueiro com submissão, ao pobre, com embuste. O remediado, tange com ideologia. Setúbal tem suas razões ao acolher Lula ou Alckmin: alegria de rico é eterna. Desde que não aposte em reinos caloteiros e em operações fantasiosas, como fez a própria Casa Függer(*)
MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO
"NESTE PAÍS " harmonioso, imaginado por Lula -deus benévolo-, equilibram-se ricos e pobres. A polícia é republicana, famílias saem da pobreza, crianças vão à escola, a saúde é excelente, todos são iluminados, agricultores e industriais prosperam, abunda o crédito benfazejo, os negócios internos crescem e os exteriores nem se fala, sobejam reservas, ninguém precisa de moral (reclamos de ética enfadam, segundo Genro).
Eldorado e retórica falazes. Mais prisões podem tão-só refletir mais crimes. Taxa de freqüência à escola não mede sua má qualidade (a reserva de cotas o atesta) e não tolhe a evasão do jovem. O controle sanitário é deficiente, o trabalho, escasso, empresas fecham, tarifas crescem, a importação para consumo supera a de bens de capital, a carga tributária é recorde, o capital exterior flui sem ônus, as contas governamentais coibem o investimento, grassam os pacotes eleitoreiros (agrícolas, habitacionais, creditícios etc.), o PIB encolhe.
Louva-se a política externa alinhada aos latinos, africanos, asiáticos. Argüiram-se as privatizações lesivas à nação, mas o BNDES atual é farto com a Telecom ítalo-americana. As estatais, bem ou mal, foram vendidas, enquanto a Petrobras, na Bolívia (pobre vítima do imperialismo tupi...) foi "entregue" sem tostão. Enquanto isso, a real política externa priorizou os riquíssimos: não foi nos salões diplomáticos, mas nas bancas financeiras e nos juros mais altos do mundo -com seu irmão siamês, o imposto excessivo- que ela se efetivou: seu chanceler de fato foi Palocci, e seu condestável, Meirelles, reduzindo o país a entreposto do capital estrangeiro. A riqueza nacional aí transferida ganha de qualquer outro desmando político-econômico.
Com o medieval "óbolo do Alvorada", pretende-se distribuir renda e justiça social. Mas como integrar populações carentes em uma sociedade submetida ao capital financeiro, com os setores produtivos e mercantis atrofiados? O simples consumo não permite sequer reproduzir o sistema, quanto mais ampliá-lo. O Bolsa Família, diz-se, "turbinou" o comércio nordestino de eletrodomésticos, celulares e computadores. Milagre ? Negócio da China? O microcrédito, aconselhado pelo BID, aqui não assegura retorno produtivo. Na categoria do consumo cai também o "crédito consignado", exaurindo os salários.
Os bancos, inocentes, apenas "intermedeiam" dívidas privadas ou públicas, desde os Függer. Nesse éden, Lula serve ao banqueiro com submissão, ao pobre, com embuste. O remediado, tange com ideologia. Setúbal tem suas razões ao acolher Lula ou Alckmin: alegria de rico é eterna. Desde que não aposte em reinos caloteiros e em operações fantasiosas, como fez a própria Casa Függer(*)
(*)CASA FUGGER, sua história (em html). Do blog FILOSOFIA POLITICA, do prof. Roberto Romano.
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