Exportar no Brasil dos dias de hoje é coisa para macho.
Tem que ter sangue de barata e gostar de desafios. Imagine no meu caso, gerente de controle de materiais de uma empresa 100% exportação. É um teste cardíaco que coloca a esteira ergométrica no chinelo. Aliás, meu cardiologista já me dispensou, está pensando até em terceirizar alguns exames para a nossa empresa. Se o paciente agüentar uma semana de câmbio desfavorável, greves da receita federal e atrasos de navios por condições precárias dos portos, terá o seguinte diagnóstico : “Coração, excelente! Próximo passo, procurar um psiquiatra”.
É improvável que alguém ainda acredite na conversa de que o país está crescendo. Não está crescendo, está ocupando o espaço que tinha de sobra. Crescer é outra coisa. Crescer é sacrificar o presente para investir no futuro. Onde está este crescimento? Eu não vejo. Somente neste ano, mais de 50% dos navios que trazem matéria-prima para a nossa empresa atrasaram por problemas nos portos, congestionamentos e greves. No auge da última greve, todos os materiais que chegavam estavam caindo em canal amarelo por uma falha no software da receita federal. Coincidência ou não, mais um problema grave de infra-estrutura. Mais um teste cardíaco. E estamos falando somente da importação de matéria-prima.
Nas exportações a situação é ainda mais séria. Escutei de um economista conhecido no país que câmbio bom é aquele que deixa todo mundo insatisfeito. Não é o caso atual, onde quem exporta está beirando a falência e quem importa está mais feliz do que nunca. Com esta situação, nosso produto ficou aproximadamente 15% mais caro. Como vendemos em mercados onde o preço é condição básica de negociação (China, Rússia e outros), esperar algum lucro destas negociações é mais do que otimismo, é falta de noção de matemática básica.
Agora juntemos os fatos, situação cambial desfavorável e exigência de redução de preços cada vez maior por parte dos clientes. A única maneira de se manter no negócio de exportação é a redução dos custos operacionais. Como reduzir os custos operacionais em um país onde a infra-estrutura é precária, exigindo um nível de estoques alto para evitar rupturas no fornecimento? Como reduzir custos operacionais em um país onde as leis trabalhistas praticamente eliminam qualquer possibilidade de otimização e flexibilização da mão-de-obra? Como reduzir custos em geral com a carga tributária atual?. A conclusão disto tudo é que estamos presos pela falta de visão dos nossos governantes. Ninguém tem coragem de dizer ao povo que o salário mínimo vai ficar onde está, pensando no futuro. Falta seriedade para acabar com a roubalheira e com isto precisar de menos impostos para fazer o que precisa, pensando no futuro. Falta um monte de coisas e não sou eu quem vai ficar aqui listando. A China teve coragem de mudar, o Chile teve coragem de mudar, o leste europeu está tendo coragem de mudar. Nós não temos. Nosso povo não tem coragem. Nosso povo não abre mão de nada pelo futuro. Nossos governantes adoram. Nossos cardiologistas agradecem.
É improvável que alguém ainda acredite na conversa de que o país está crescendo. Não está crescendo, está ocupando o espaço que tinha de sobra. Crescer é outra coisa. Crescer é sacrificar o presente para investir no futuro. Onde está este crescimento? Eu não vejo. Somente neste ano, mais de 50% dos navios que trazem matéria-prima para a nossa empresa atrasaram por problemas nos portos, congestionamentos e greves. No auge da última greve, todos os materiais que chegavam estavam caindo em canal amarelo por uma falha no software da receita federal. Coincidência ou não, mais um problema grave de infra-estrutura. Mais um teste cardíaco. E estamos falando somente da importação de matéria-prima.
Nas exportações a situação é ainda mais séria. Escutei de um economista conhecido no país que câmbio bom é aquele que deixa todo mundo insatisfeito. Não é o caso atual, onde quem exporta está beirando a falência e quem importa está mais feliz do que nunca. Com esta situação, nosso produto ficou aproximadamente 15% mais caro. Como vendemos em mercados onde o preço é condição básica de negociação (China, Rússia e outros), esperar algum lucro destas negociações é mais do que otimismo, é falta de noção de matemática básica.
Agora juntemos os fatos, situação cambial desfavorável e exigência de redução de preços cada vez maior por parte dos clientes. A única maneira de se manter no negócio de exportação é a redução dos custos operacionais. Como reduzir os custos operacionais em um país onde a infra-estrutura é precária, exigindo um nível de estoques alto para evitar rupturas no fornecimento? Como reduzir custos operacionais em um país onde as leis trabalhistas praticamente eliminam qualquer possibilidade de otimização e flexibilização da mão-de-obra? Como reduzir custos em geral com a carga tributária atual?. A conclusão disto tudo é que estamos presos pela falta de visão dos nossos governantes. Ninguém tem coragem de dizer ao povo que o salário mínimo vai ficar onde está, pensando no futuro. Falta seriedade para acabar com a roubalheira e com isto precisar de menos impostos para fazer o que precisa, pensando no futuro. Falta um monte de coisas e não sou eu quem vai ficar aqui listando. A China teve coragem de mudar, o Chile teve coragem de mudar, o leste europeu está tendo coragem de mudar. Nós não temos. Nosso povo não tem coragem. Nosso povo não abre mão de nada pelo futuro. Nossos governantes adoram. Nossos cardiologistas agradecem.
RODRIGO ACRAS.
Imagem orlando lara
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