quinta-feira, junho 29, 2006

O gabinete de Brasília


O gabinete de Brasília.


O Gabinete do Dr. Caligari” filme mudo, em preto e branco e dirigido por Robert Wiene é um marco no cinema expressionista alemão. Caligari domina, por meio de hipnose, um rapaz chamado Cesare, quem jazia sonâmbulo havia 23 anos. A comparação entre Caligari e Hitler é evidente. Assim como aquele controlava a mente de Cesare, este dominava milhões de alemães. Caligari usava Cesare por ter a certeza de que a mente de um sonâmbulo poderia ser facilmente dominada. Para mostrar a confusão mental de Caligari os cenários são pintados em planos e linhas tortuosos, distorcidos, com forte contraste em claro-escuro, deixando o ambiente ainda mais macabro.

No Brasil o cenário eleitoral é muito parecido. Lula, aos moradores da periferia de Olinda, dizendo que a oposição faz jogo rasteiro e não possui caráter: “Todo dia aparece alguém para me agredir. Essas pessoas estão pensando: puxa vida, nós estamos governando o Brasil desde que Cabral pôs os pés aqui e não conseguimos fazer nada. Por que esse metalúrgico está fazendo?” O próprio “pai dos pobres” respondeu: “Este metalúrgico está fazendo porque tem uma coisa que eles não têm: este metalúrgico tem caráter.”


O metalúrgico deve ter esquecido o caráter em casa quando se confraternizou, no evento em que seu partido homologou as candidaturas de petistas mensaleiros, com aqueles que o “traíram” em um outro famoso filme de terror. A lista de atores candidatos ao Oscar, categoria “Valerioduto”: José Genoino, Antônio Palocci, João Paulo Cunha, Professor Luizinho, José Mentor e a deputada dançarina Ângela Guadagnin.


O problema é que na refilmagem do épico Ali-Babá e os 40 ladrões, o procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, denunciou uma quadrilha de 40 criminosos, entre eles, o ex-capitão do time José Dirceu, Anderson Adauto, Luiz Gushiken, José Genoino, Delúbio Soares, Silvio Pereira, Marcos Valério e Duda Mendonça.


Pior: na cena mais assustadora do encontro petista, Aloízio Mercadante, candidato ao governo paulista, defendeu a presença dos mensaleiros. “A população terá o direito de julgar, nas urnas, se a biografia dos protagonistas do escândalo é mais importante que seus erros”. Quais biografias? Ser ex-guerrilheiro conta? Não foram apenas erros; foram crimes. Ao menos uma palavra do roteiro Mercadante decorou: “protagonistas”.


Muitas cenas de banditismo explícito do maior filme de 5ª categoria da “história desse País” foram exibidas em horário impróprio nas tevês de todo o Brasil sem que os adultos fossem alertados a tirarem as crianças da sala: a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo, os dólares na cueca e em caixa de uísque, os milhões da Telemar na empresa do filho de Lula, os R$ 55 milhões repassados por Marcos Valério ao PT e aliados do governo Lula que, segundo o relatório da CPI dos Correios, a origem de quase R$ 31 milhões veio da Brasil Telecom, Banco do Brasil, Usiminas e Visanet, além de inúmeras outras perversidades. Já no remake de “Sexo, mentiras e vídeo tape” vieram a cafetina de Brasília e a “República de Ribeirão”, os depoimentos às CPIs e o vídeo flagrando o funcionário dos Correios recebendo propina.


Hoje as pesquisas apontam Lula como o preferido do eleitor Cesare, o sonâmbulo, cuja mente é facilmente dominada pelo “quadrado mágico” da propaganda. Em “De Caligari a Hitler, uma história psicológica do cinema alemão”, Siegfried Kracauer afirma: “Os filmes de uma nação refletem a mentalidade desta, de uma maneira mais direta do que qualquer outro meio artístico”.


Como a vida imita a arte, em 2002 o jingle para o thriller do PT era: “Por um Brasil decente”. Mas como em seu romance inacabado Lula disse que “Sarney foi um parceiro extraordinário” e ainda assistiu ao jogo da seleção ao lado de Jader Barbalho, na campanha à reeleição uma frase do novo jingle é ainda mais horripilante: “São milhões de Lulas povoando este Brasil”. Kracauer está coberto pelo manto sagrado da razão.


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