segunda-feira, junho 19, 2006


O VIAJANTE
por Ralph J. Hofmann
Já que o Presidente não tem pudor de usar as regalias do cargo viagens da sua atual não-campanha, e considerando que o mesmo acredita que essas viagens sejam de vital importância para a nação sugiro que o mesmo concorde de uma forma cavalheiresca, e até considerando suas alegações de que é um homem probo e correto, o mais probo e correto homem na vida pública brasileira, em aceitar uma série de normas a serem aplicadas futuramente às obras que inaugurou.
- Toda a obra inaugurada deverá estar cem porcento operacional dentro de sessenta dias de sua inauguração.
- Toda pedra fundamental lançada deverá corresponder a um cronograma. A obra ou projeto deverá estar integralmente funcional no máximo 180 dias após a data inicialmente prevista para seu funcionamento.
- Toda a obra orçada visitada pelo presidente deverá receber nas datas previstas todos os valores previstos para sua realização. Esses valores deverão ter sido integralmente transferidos aos seus executores que deverão comprovar o efetivo gasto dentro de 15 dias do recebimento ou data prevista para o desembolso.
- Nenhuma obra deverá ser inaugurada mais de uma vez a cada seis anos, mesmo que sejam etapas diferentes do mesmo projeto. Admite-se uma rápida e discreta visita do presidente se estiver nas imediações. Poderá até aproveitar para assistir um jogo de futebol dos operários e assar um churrasco para os mesmos e suas famílias.
Caso alguma das condições acima não seja cumprida, por livre e espontânea vontade do Presidente, que se encarregará de convencer seus colegas de partido e aliados, os valores em desacordo deverão ser debitados aos valores alocados pelo Fundo Partidário aos partidos que apoiem o Sr. Presidente. Achamos que isto é absolutamente factível para o melhor administrador público que o Brasil já teve desde que iniciou a nossa vida republicana.

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